terça-feira, 7 de abril de 2015

UM ANJO NO CÉU

Passou a fazer parte da minha família no dia em que casei com o sobrinho. Quando o vi pela primeira vez senti uma emoção forte com aquela personalidade radiante e divertida. Era alguém de quem era impossível não nos apaixonarmos intensamente. Tinha o dom da palavra e encantava-me ouvi-lo. As reuniões familiares eram esperadas com expectativa quando sabia que ele lá ia estar. Homem de Deus, dedicou sua vida aos outros como ninguém. Mas com o meu divórcio, a vida separou-nos e deixei de o ver... Levei-o comigo no coração, a ele e à família que eu amava como se fosse minha.

Passaram-se anos, até que um dia, ao levar minha filha ao casamento de outro sobrinho, o reencontro. Lembro-me desse dia como se fosse hoje: assim que ele me avistou ao longe, num passo apressado, saiu da mesa e veio na minha direcção, e antes mesmo de proferir uma palavra, envolve-me num abraço profundo, forte e demorado que me emocionou. Ali senti que apesar do tempo e da distância, ele não me tinha esquecido e demonstrava assim o afecto que sentia por mim. Insistiu tanto para que eu ficasse e eu que naquela época não queria conflitos com o ex, declinei. Não conformado, tentou demover-me dessa decisão... mas acabei mesmo por não ficar. Arrependo-me amargamente dessa decisão até hoje.  Porque hoje, ele já não está cá entre nós.

O Artur era uma alma de brilho intenso, alegre, um ser humano grandioso, uma perda gigantesca para o Mundo.  Soubera eu que partiria assim, e nunca teria declinado aquele convite. Sinto a perda dentro de mim ainda hoje. Como ainda hoje, sempre que me sinto perdida, apelo à sua ajuda divina. Deixei de o ver mas não deixei de o sentir. 

Por cá fica aquele abraço forte e apertado dum amigo que não sabia que tinha. Partiu cedo demais. Cedo demais para lhe dizer o quanto sentia a sua falta.

 Perdi um amigo mas ganhei um anjo.

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