Há uma linha que separa aquilo que controlamos, daquilo que, por muito que fujamos, acaba por nos alcançar. Falo de destino, sim. . Daquela força quase sobrenatural que nos leva a escolher o caminho da direita ou da esquerda; que nos faz tomar a decisão errada em vez da certa; que nos faz aproximar de pessoas malignas e afastar das que nos querem bem; que nos conduz à tragédia ou ao sucesso como se comandasse a nossa vida.
Falo de destino, sim. E não sou eu que quero acreditar nele. Foi a vida que me ensinou que ele, faz parte dela... Quando me dizem que somos o resultado das decisões que tomamos, pergunto-me: mas eu não escolhi a infelicidade, mas tive-a; eu não escolhi a adversidade, mas encontrei-a; eu não escolhi a tragédia, mas ela procurou-me! Se eu não tomei estas decisões, porque vieram ao meu encontro? Então repassei toda a minha vida até às memórias mais longínquas para ver onde estavam as minhas falhas, aquelas que supostamente eram responsáveis pela vida que tive. E o que vejo? Nada. Vejo apenas alguém que conheceu gente que não devia; que escutou outros que deveria ter ignorado; que cruzou com falsos; tropeçou em malévolos; acreditou em mentirosos.
Quando olho para trás fico incrédula com a forma como coisas se repetem. A semelhança do que já vivi e de que tanto fugi. Dirão que foi a repetição de um erro. Eu digo não!, foi o mesmo embuste que o destino me preparou mas embalado de forma diferente. Atenta a tudo que não queria, acabei por obter tudo o que queria de forma avassaladora. Achei que era bom demais mas deixei a modéstia de parte a aceitei esta dávida que pensava mais do que merecida. Abri-me, entreguei-me, para descobrir mais tarde, muito mais tarde, que tudo não passava de uma brincadeira malvada dum destino que teima em ser cruel.
A vida que temos é o resultado das pessoas que conhecemos colocadas por um destino que não controlamos mas que nos influencia. Ninguém sai pela manhã decidido a morrer, mas morre; decidido a adoecer, mas adoece; decidido a perder um emprego, mas perde-o. Para uns ele será implacável, para outros abençoado. Por muita sabedoria e cuidados será também o destino que ditará ao longo da vida se, todo o empenho que estamos a colocar na nossa vida nos vai levar onde queremos ou para onde ele nos conduz... Acredito que tal como a água, o contornamos, o moldamos, o influenciamos com as nossas decisões. Mas ele estará sempre lá e de forma oculta acabará sempre por nos traçar um caminho.
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