Cara anónima,
Obrigada pela sua mensagem de paz que muito se enquadra na época natalícia em que nos encontramos. Parece-me no entanto que se enganou no destinatário: a pessoa que descreve não sou eu.
Ao contrário do que afirma, eu não carrego nenhum ódio nem por vós nem por ninguém. Não é, nunca foi e nunca será um sentimento com o qual me identifique, por isso nunca o senti nem sei o que isso é. Agora mágoas e revoltas, sim! Mesmo assim, sou capaz de perdoar, abraçar o inimigo se de alguma forma sentir que há arrependimento. Ainda há pouco tempo dei por mim a contactar alguns descendentes vossos, a pedir perdão nem sei bem pelo quê. Talvez por uma ausência de mais de uma década, por desavenças dos progenitores que eu não queria que afectasse o que sinto por eles. Tive coragem suficiente para lhes dizer que os amava apesar das intrigas dos mais velhos.
Não sei se pela idade que tem (mais velha que o meu pai), terá já alguma amnésia em relação às minhas presenças nos eventos familiares, eu não sou essa pessoa que apenas apareceu duas vezes. Mas estou disposta a ajudá-la relembrando-lhe que dos 13 anos até aos meus 30, estive inúmeras vezes em quase tudo o que era reunião familiar: fui ao casamento da sua irmã mais nova, da sua sobrinha da 2ª irmã mais velha, de vários almoços na casa da seu irmão mais novo, de solteira e depois de casada, de vários jantares e almoços na casa da sua irmã mais nova, de vários almoços na casa da sua sua irmã do meio quando ela ainda era proprietária do restaurante, de várias Páscoas na casa do seu pai, de vários almoços na casa do seu pai, de imensos jantares na casa do seu irmão do meio, de várias tardes passadas na casa da sua 2ª irmã mais velha, na praia no restaurante do Branco e por fim, na sua própria casa!!!!! Naquela época não havia telemóveis mas tiravam-se fotografias. Eu ainda as tenho.
Estamos todos muito agradecidos pela festa surpresa que fizeram naquele ano ao meu pai. De facto, deve ter sido dos momentos mais felizes da vida dele. Mas caso não se lembre (você tem grave problema de memória), a dita festa veio com factura agarrada que depois de entregue ao meu pai, ele recusou-se a pagar. E a fotografia emoldurada na sala dele... fui eu que a tirei e mandei enquadrar. Capturei o sorriso mais lindo e feliz de um homem que admiro e achei que deveria perpetuá-lo para sempre.
Estive ausente sim, dos funerais dos meus avós: a ele por razões que já expliquei, a ela, com pena minha, por razões de força maior. Se eu tivesse aparecido na despedida do seu pai, acredite que ele até dava voltas na urna. Acredite que seu desejo era mesmo esse: que não fosse. Seu pai demonstrou todo o ódio que sentia por nós numa carta. Por isso, por respeito aos seus sentimentos, não fomos.
Afirma que as críticas que sofri foram fruto da minha imaginação. Então pegando nessa teoria, terá sido fruto da imaginação de quem mas contou: do seu pai; de sua cunhada; de seu irmão do meio; da minha filha; de alguns descendentes vossos, genros e por fim o ex.. E os factos, que facilmente se podem comprovar ,foram estes: o meu tão badalado e inesquecível divórcio onde TODOS se sentiram no direito de opinar, julgar, criticar e condenar, tendo a sua 2ª irmã mais nova ter dito que "...era má mãe porque uma boa mãe nunca se divorcia quando tem filhos..."; seu irmão mais novo, depois de um episódio´aos 16 anos, queria proibir a filha de se relacionar comigo; mais tarde e já divorciada, sua cunhada, depois de saber que seus filhos passavam muito tempo em minha casa, alertou-os para ter cuidado comigo, manifestando assim seu desagrado por fazer parte das amizades deles; um episódio em que sua cunhada critica a forma como eu estava a pagar a minha casa; outro que em que afirmavam que tinha provocado a falência técnica da empresa do meu pai... mas há mais, muito muito mais.
Cara anónima, já reparou que começa por dizer que não se lembram de mim , que nunca me criticaram mas mostra estar a par das últimas novidades da minha vida e pede para suprir a curiosidade de alguns? Sobre isso e todos os momentos por mim vividos falarei sim, num livro que penso vir a publicar. Uma ideia de uma grande amiga que um dia me disse "...tua vida dava um bom livro". A minha vida é de facto um exemplo de coragem, determinação, luta e amor que pode ajudar outras pessoas a sobreviver aos mesmos dramas. Dizem que Deus dá as maiores lutas aos seus melhores soldados...
Diz que, e passo a citar:"...vê-se que não sabes nada de concreto da família, nem idades, nem profissões, nem conhecimento real das pessoas..." . O que sei ouvi-o do seu pai, irmãos, cunhadas, genros, descendentes e o ex. É para considerá-los mentirosos? Que assim seja, mas aproveite então a mesma borracha para apagar o que alguns destes também disseram a meu respeito... Quanto ás idades, é verdade sim que passo o tempo todo a enganar-me e troco o irmão mais novo pelo do meio. Que tem isso de relevante? Altera alguma forma os factos relatados?
Pede também para que fale da minha vida, mas querida amiga, anda distraída? O meu blogue é autobiográfico. Não falo noutra coisa. Se quis dizer para não falar de vós, tenho pena, mas passaram a fazer parte da minha vida assim que se intrometeram nela. E prometo que falarei toda a verdade, mas tem a certeza que é isso que quer? Como andou muito distraída talvez ainda não tenha percebido que eu sou uma caixa de Pandora. Tem a certeza que quer abri-la? Guardo comigo segredos preciosos de todos vós, outros vividos por mim, como por exemplo o assédio sexual que sofri de 2 homens da família. Quer mesmo que conte esta história e as outras? Percebeu agora porque além de si e a outra irmã, ninguém se atreve a me incomodar?
Pedia-lhe agora encarecidamente que quando lesse algo meu fizesse um esforço para não deturpar o que digo. Não critiquei ninguém que trabalhava na construção nem nas limpezas. Foi dito que à época, quando meu pai lhes estendeu a mão eram essas as suas condições de vida. Por isso escrevi:.".. fazia limpezas num albergue de prostitutas, um trabalho humilde mas digno!!" Saiba que admiro muito pessoas como ela (eu também sou assim) que quando têm que arregaçar as mangas, desde que sejam trabalhos dignos, agarram o que for preciso! Por isso, não afirme o que não escrevi. Sobre o facto de serem trabalhadoras... permita que corrija: ela SIM; ele NÃO! Sua cunhada é uma força da natureza, extremamente trabalhadora, que se levantava todas as madrugadas o para carregar camiões, horas e horas a fio. Seu irmão é mais adepto dos fatos e gravatas. Vive à sombra dela. Sobre a seriedade de ambos, vamos deixar isso dentro da tal caixinha... Essa PARTE mexe com os descendentes e quero preservá-los.
E agora um pouco sobre minha biografia: Saiba querida amiga que aos 16 anos ganhei os meus primeiros 50 contos a trabalhar na fábrica do meu pai, nas férias de verão, com um empilhador, a carregar camiões, comer pó e levar a chuva nas bentas! Depois, aos 17, decidi trabalhar lá a tempo inteiro e estudar de noite. Sempre no duro. Além de trabalhar com máquinas, montei muitas paletes de blocos à mão quando era preciso. Ingressei mais tarde no ensino superior e formei-me sem que meus pais me pagassem uma única despesa. Com 23 anos e já a dar aulas, comprei sozinha o meu primeiro carro, um renault super cinco em segunda mão. Já com curso acabado, assumi a pedido do meu pai a administração da empresa dele. Adquiri uma casa com empréstimo bancário. Paguei-o durante anos. Meu pai, ao querer vender a empresa, disse-me que me pagaria o restante da casa porque eu iria ficar sem emprego e queria aliviar as minhas despesas. Mesmo assim, ao fecho da fábrica, tinha poupanças no valor de 25 000€. Há por aí algum descendente vosso com igual currículo? Sei que se inspirou neles para falar daquela maneira. Mas da próxima vez que ousar falar de mim, documente-se primeiro! Quanto a não saber o que é viver numa casa pequena... ó meu Deus... essa foi SEMPRE a minha realidade enquanto vivi no Canada. Eram tão pequenas que em 2 delas eu dormia na sala.
Sobre o meu avô, você não comenta mas comento eu: não retiro uma única palavra ao que disse. Nada do que disse é falso. E sua mãe, a quem vou dedicar um post, confidenciou muita coisa tendo sido ao fim e ao cabo a maior vítima dele.
Não diga que falo sozinha. Escrever é e sempre será um acto solitário que podemos partilhar com outros ou não. Mas basta que haja 1 como vós que o leia para já ser acompanhado... A propósito, informo que por cada post que publico sou lida em média por 100 pessoas por dia... Diga lá outra vez que estou a falar sozinha só para eu me rir...
Não diga que falo sozinha. Escrever é e sempre será um acto solitário que podemos partilhar com outros ou não. Mas basta que haja 1 como vós que o leia para já ser acompanhado... A propósito, informo que por cada post que publico sou lida em média por 100 pessoas por dia... Diga lá outra vez que estou a falar sozinha só para eu me rir...
E por fim, aqueles 45 membros de uma família maravilhosa de que eu fui excluída são os mesmos que, depois de festas com foguetes, a metade que fica fala mal da outra que parte por causa do esquecimento de alguns em pagar as despesas? Não obrigada. O tempo passou mas desde que me afastei, tanto quanto sei, nada mudou. Amam-se todos muito mas apenas quando se olham pela frente.
Os meus votos para vós são que 2014 vos traga a lucidez necessária para perceberem a futilidade dos vossos argumentos, a mesquinhez dos vossos actos. Que vos abra o coração para os reais valores da vida e transforme as vossas intrigas em amor e dedicação por aquele que sofreu muito até ao fim pelas desavenças parvas dos irmãos e que ajudou alguns a serem o que são hoje: meu pai.
Desejo-lhe a si muita luz na sua vida para sair das trevas por onde caminha, onde a escuridão é tanta que não vê nada do que se passa à sua volta.
Desejo-lhe a si muita luz na sua vida para sair das trevas por onde caminha, onde a escuridão é tanta que não vê nada do que se passa à sua volta.