sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

DIÁRIO DE UMA MEMÓRIA PERDIDA - O CARVALHO


Quando minha mãe me comunicou ontem que tinha lá estado em casa um dos meus tios, pensei: "Aleluia!". Mesmo tardio é sempre bom saber que  os afectos existem e que apesar de todas as intrigas familiares, há coragem para deixar de lado interesses menores para dar importância ao que realmente interessa: abraçar meu pai. No entanto a minha alegria depressa se dissipou à medida que a minha mãe me relata como tudo se passou.... "Ele veio cá por causa de um carvalho... - disse ela a dado momento - vinha sozinho sem tua tia, numa carrinha branca e depois de me cumprimentar disse-me que havia no terreno do pai um carvalho que tinha ramos para o lado dele e as folhas estavam a deitar lixo..."  Sem conseguir disfarçar o meu espanto, ela continua: "Disse-me que tinha de cortá-lo eu ou mandar o meu mensageiro do costume fazê-lo porque não queria as folhas nem os ramos no que era dele..." Explodi! Há coisas que de tão execráveis não temos palavras que possam descrever o sentimento que nos invade por indivíduos assim. E a pergunta não se fez esperar no meio daquela minha vontade de o esganar se o tivesse ali: "Mas ele veio para ver o pai?!!!!!!!! - perguntei eu possuída pela raiva. "Não - respondeu ela calmamente - quando acabou de dar o recado, perguntou como estava o Manuel e eu respondi que se queria saber, que o fosse ver... e foi só isso que fez com que ele fosse". 

Pois é... um carvalho consegue fazer mover mais depressa alguém à casa do meu pai do que ele próprio. Começo a ter inveja desse carvalho que atrai tanta atenção em detrimento de outras cuja a existência pouco ou nada importa. Dirão eles um dia, depois de confrontados  que o carvalho foi um pretexto para la ir a casa, para verem como eram recebidos! IDIOTAS! Quem é que vai a casa de alguém visitar um  enfermo com um "pau" na mão pronto a bater?  

Os factos da vida escrevem-se assim, nua e cruamente do jeito que tudo acontece. E não vale a pena depois limpar imagens fazendo-se passar por vítimas disto ou daquilo.

 Pelas próprias mãos escreveram e continuam a escrever  o que eu apenas  relato.




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