quinta-feira, 25 de junho de 2015

O SEGREDO É OUVIR A SI MESMO




As pessoas têm por hábito pedir conselhos aos outros sempre que balançam em dúvidas sobre que caminhos seguir, que decisões tomar. Esquecem-se ou não sabem que os que nos rodeiam estão mais preocupados com eles. E quando lhes pedimos uma orientação, o mais certo é indicarem-nos o caminho oposto só para terem a certeza de que não os vamos ultrapassar nos nossos objetivos.

Enquanto escrevo isto muitos irão pensar que estou a ser demasiado dura, colocando todas as pessoas no mesmo saco, como se não houvesse pessoas sinceras e honestas em quem possamos confiar.  Têm razão. Estou a ser dura sim, porque na verdade, a vida ensinou-me que em 99% de pessoas que nos rodeiam, apenas 1% é fiável. E mais vale levar com esta dureza toda de uma verdade, do que viver numa eterna mentira e sofrer depois com as consequências.

E a verdade é que a pessoas lidam muito mal com o sucesso dos outros, com a beleza dos outros, com a energia e força dos outros, com a felicidade dos outros e... quando pedimos um simples parecer, eis que somos bombardeados com todo o tipo de argumentos que pensamos serem sinceros, mas que na realidade estão a dizer secretamente " a tua ideia é fantástica mas não vás por aí senão podes vir a ter muito sucesso com isso". E claro, que fazemos nós a seguir? Desistimos porque o nosso melhor amigo disse que " era muito arriscado" que " o mais provável era não conseguir" blá, blá,blá... Para não falar daqueles que veem depois a sua ideia a ser "roubada" por um dos seus conselheiros!

Quando nos sentimos perdidos sem saber o rumo a tomar, o melhor conselheiro somos nós e nosso travesseiro. Devemo-nos escutar. Ouvir o nosso interior. Perguntar a NÓS o que queremos e estudar o meio para lá chegar. Fecharmos os olhos e sobre uma boa noite de sono, sonhar com o que queremos alcançar. Porque é o sonho que comanda a vida. E é sonhando muito que o concretizamos. Nós somos quem melhor nos conhecemos. Quem melhor sabe sobre as nossas capacidades de alcançar seja o que for. Nós somos a força que nasce para a concretização e mais ninguém tem o poder de saber até onde somos capazes de ir. 

Porque se assim não o fizermos, o mais certo é deixarmos de ser o que poderíamos ter sido para ser o que os outros queriam que fôssemos. 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

PERDÃO SÓ SE DÁ A QUEM MERECE







Ensinam-nos que e preciso perdoar. Que perdoar faz bem e nos liberta de sentimentos nefastos. Dizem até que quem perdoa é mais feliz e tem o céu à sua espera. Parece-me no entanto que esta teoria é muito interessante para quem quer ser Deus. Quem a criou muito provavelmente experimentou uma vida "soft" e passou ao lado de todos os seres maquiavélicos por aí espalhados. Porque para quem foi cilindrado na vida por estes pequenos demónios, o perdão é a última coisa que queremos oferecer a quem nos arruinou.

Eu não sou Deus e por isso não acho nem um pouco libertador perdoar quem merece ser esmagado pela sua própria malvadez! Pelo contrário, o que me liberta é saber que dou a provar ao meu inimigo o mesmo veneno que me ofereceu. Isso sim, é libertador! Vê-lo "apodrecer" aos bocadinhos... Colocá-lo de novo no lugar onde estava, antes de nos estragar a vida, mas com um bónus: uma lição para nunca esquecer.

Perdoar é um acto que devemos exercer só com quem o merece. Com aqueles que, muito humildemente nos procuram, reconhecem seus erros e pedem o nosso perdão. Aqueles que se arrependem e fazem de tudo para nos compensar. E fazem-no de forma sentida e profunda. Porque aqueles que  arrogantemente seguem seu percurso como se nada tivesse acontecido, zombando da nossa cara por termos sido tão crédulos, e ainda nos tentam intimidar, para que tenhamos medo de retaliar, a esses, amigos, dou-lhes o pagamento na mesma moeda mas  inflacionada... E só paro quando recupero a minha dignidade e bom nome. 

Até lá, só não vale arrancar olhos. E faço-o por respeito a mim! Porque eu mereço que a experiência sirva de exemplo para que outros jamais ousem se aproximar com as mesmas intenções.

Porque perdão só se dá a quem merece...

sexta-feira, 19 de junho de 2015

O AMOR NAO SE QUANTIFICA





O amor não se quantifica. Não se mede. Não tem estatística. Não amo mais porque ofereço mais flores. Não sou mais apaixonado porque telefono mais vezes. Não sou mais dedicada porque o levo ás urgências do hospital sempre que ele espirra. Porque assim como há mil e uma maneiras de ser gente, há outras tantas mil de amar. 

Confunde-se tudo. Paixão com amor. Amor com tesão. E depois não compreendemos porque ele não desmaia sempre que nos vê, ou se excita sempre que nos toca. Porque foi a um jantar de amigos da escola em vez de ficar em casa agarradinho no sofá a ver um filme. Porque falhou aquele convite para sair por causa do trabalho... E não tarda nada, estamos a cobrar falta de atenção e amor a quem provavelmente transborda dele. 

A paixão  é a fase que antecede o amor. É a fase da cegueira completa. Do fazer coisas absurdas e despropositadas, loucas e divertidas, insano ou perversas. É o estado que tal como o álcool nos desinibe, levando-nos a fazer qualquer coisa pela conquista. Vivemos anestesiados que de outra forma não teríamos coragem sequer de avançar. É o ópio do amor. Aqui somos todos idênticos: parvos, tolos, doidos incendiados pela paixão. Mas quando vem o amor, o nosso jeito de ser toma conta de nós pouco a pouco. Regressamos a terra e de pés pousados no chão, começamos a recuperar o poder sobre nós como quem sai de uma longa ressaca. 

É preciso explicar às pessoas que amar não é nada disto. Que amar é um sentimento tão nobre que poucos o experimentam. Poucos sabem o que significa. Porque amar tem sabedoria. Tem aprendizagem. Tem sacrificio. Porque amar vem de dentro e exprime-se no oposto da paixão. É um deixar voar sem perder de vista; é andar excitado só de o ver feliz; é a preocupação constante com tudo o que o rodeia sem invadir sua privacidade; é estar perto mesmo estando longe; é sentir no coração mais do que na acção. É resistir a tudo com a mesma vontade do primeiro dia de permanecer ali, ao lado dele. É continuar a acha-lo delicioso mesmo sabendo pela palma da mão cada defeito seu.

Eu não telefono a toda a hora para dizer que o amo. Nem compro flores todos os dias. Mas aguento todos os maremotos porque passamos, ao lado dele. Não vacilo em atravessar a floresta a arder se souber que ele lá está. Retiro-lhe todos os obstáculos da frente só para não o ver sofrer. Resolvo-lhe todos os problemas só para o ver feliz. Enxugo as  lágrimas antes de caírem. Sou mulher, sou mãe , sou amiga, e muito mais do que ser amante de uma noite, sou aquela que por ele daria a vida.




sexta-feira, 12 de junho de 2015

O TEU LUGAR VAZIO

Quando entro é o primeiro lugar que procuro com o olhar. Porque era ali que tu estavas à minha espera com um sorriso largo no rosto. Era tão bom. Depois seguiam-se os beijos acompanhados de longos abraços sentidos. E por uns minutos o mundo parava. Mas o teu lugar vazio lembra-me que partiste...

Ainda lá tenho a tua mantinha amarela que te aquecia os pés enquanto falávamos. É o gato que agora te guarda o lugar como se soubesse que aquela poltrona te pertence. Fecho os olhos por instantes para te rever, para te sentir, e ouço tua voz a contar histórias. Histórias que contavas como ninguém. Mas o teu lugar vazio lembra-me que já cá não estás para as ouvir de novo...

Era ali que segurava tua mão enquanto dormias. Era ali que passavas o dia. Era ali... Que te tinha. Porque não tenho mais senão os vazios que deixaste pela casa. Vazios que tentam apagar como se fosse possível limpar os rastos que deixaste.

A cada esquina sinto-te. Oras estás sentado junto a janela a ver o mundo passar. Ora estás a comer divertido enquanto comentas o que vês na tv. Vejo-te a fumar tranquilamente naquela poltrona velha que guardamos na garagem com a mãe ao lado a resmungar porque não te calas. Era ali que tantas conversas aconteciam. Era ali que ríamos juntos. Ali onde também tantas vezes fazias balanços da vida. Onde começavas projectos... E terminavas outros...

Agora resta-me  este lugar vazio para me lembrar que não te tenho mais perto de mim.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

O LUTO FAZ-SE NO CORAÇÃO



Eu bem que tento ignorar a estupidez alheia. Eu bem que tento nem sequer saber o para aí dizem sobre a minha humilde pessoa. Mas em vão. Há-de sempre haver alguém bem intencionado, que fará questão de me deixar bem informado sobre o que circula por aí nos "média populares". E é assim que por acaso do destino sei que alguém se incomodou com a minha camisola branca no dia do velório do meu pai.

De facto, é uma questão muito grave e que tem de ser debatida em público. Que blasfémia! Mas isso é traje para se ter num dia de luto?!Que pena terem abolido a forca para pessoas que prevaricam com tamanho pecado capital! Mas há acto mais condenável que vestir uma camisola branca num enterro?! Estas pessoas não admitem injustiças, nem erros tamanhos! Uma filha sem consideração nem sentimentos pelo falecido! Uma filha tão desprovida de carácter foi ter a malvadez de demonstrar ao mundo que não possui amor por quem parte. O desprezo escarrado numa camisola branca! Que vergonha de filha! Que vergonha...

Na verdade elas não sabem que o problema que as afecta é orgânico. Não sabem que possuem um distúrbio grave intestinal. E que, os gases, não tendo por onde sair, sobem ao cérebro e prejudicam seriamente o raciocínio. A "porcaria" reprimida no crânio traz lesões irreparáveis ao nível cognitivo, o que as leva, coitaditas a dizerem "porcaria" da boca para fora! É mal que infelizmente por aí abunda em muita gente...

Porque, na verdade, o luto faz-se no coração. E o coração mora cá dentro. Não se veste. Não se exibe. Não se proclama. Não se grita. Sente-se! E eu sinto... sinto tanto que o aperto parece sufocar. Sinto tanto que a dor já passou a andar comigo para todo o lado. Sinto tanto que me tornei imune ao que me rodeia. Que passei a relativizar tudo e todos como se nada mais tivesse importância como outrora. Como se a vida não passasse de um sopro que ameaça apagar a vela que arde. A qualquer momento... 

O que vesti. O que visto. O que faço ou deixo por fazer, nada avalia sentimentos. Porque eles são meus e só eu os conheco, só eu posso falar deles. Só eu os sinto. E cá fora, na "montra", só fica aquilo que por vezes não cabe cá dentro e que de tão imenso, transborda.

Porque o luto faz-se no coração e não tem cor... tem apenas dor que não se vê...

  

terça-feira, 2 de junho de 2015

4 MESES...





Já 4 meses e a dor não passa. Para mim foi ontem. A mesma angústia quando vejo tua fotografia, a mesma tristeza que me lava em lágrimas quando não ouço tua gargalhada. Que falta que ela me faz!

Continuo inconformada com esta partida arrancada à força sem um beijo, sem um até logo. Fazes-me falta, caraças! Não é justo... Tinhas que ser tu e mais ninguém com tanta gente má por aí... Quero acreditar que fazias falta no mundo dos anjos para não explodir de raiva por tamanha traição. Quero acreditar que precisavas de te libertar deste corpo mórbido que te aprisionava. Quero acreditar que foste para poder olhar por mim e ajudar-me junto de Deus. Quero acreditar...

Mas não é fácil, sabes? Tem dias que sim. Tem dias que nem por isso. Tenho de aguentar a revolta de já não te ter para abraçar. Tenho de aguentar... Mas como?

Porque as visitas à tua última morada não chegam. Porque tocar nas coisas que deixaste não chega. Porque tuas lembranças são demasiado dolorosas. Porque a vida sem ti é um vazio imenso feito de ausências insuportáveis.

Dizem que o tempo atenua. Apaga. É mentira, pai! Só apaga o que não deixou rasto. O que não deixou histórias para contar. Sentimentos profundos para lembrar. E tu, deixaste tudo! Tudo o que seres grandiosos têm para deixar. Diz-me como se caminha sem ti...

Porque já passaram 4 meses e para mim foi ontem...