Andamos feitos loucos a correr como baratas tontas, stressadas com o que temos para fazer, o que ainda não fizemos. Corremos como se estivéssemos numa competição, todos ansiosos por atingir rapidamente metas, para rapidamente chegarmos cada vez mais longe nos nossos objectivos mundanos.
A vida não é uma corrida. Uma prova de maratona em que o primeiro lugar garante a vitória. Se passar seu tempo a correr obcecado com tudo o que tem para fazer, o mais certo é chegar à meta cedo demais. Porque aqui, quem chega primeiro, dana-se!
Na empresa do meu pai tínhamos um empregado guineense. O Jorge (era assim que se chamava), tinha um jeito muito peculiar de ver a vida. Quando um dia cheguei ao pé dele pedindo para se despachar mais rápido a fazer as paletes, respondeu-me: "Mas patroa! Pra quê andar mais depressa! A seguir a este trabalho vem outro. O trabalho nunca acaba! Nós é que acabamos!" Foi impossível deixar de sorrir. O Jorge tinha razão e aquelas palavras nunca mais as esqueci. Esta filosofia de vida permaneceu até hoje dentro de mim.
É importante cumprir com nossos deveres. É fundamental procurar atingir nossos objetivos. Mas é primordial que essa busca seja feita de forma tranquila e regrada. Sem obsessões. Sem exageros. Porque a vida é um sopro. Pode esvanecer a qualquer minuto. E se não aproveitarmos cada segundo como se fosse o último, perderemos o que mais precioso temos nela: o viver.
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