Sei das tuas lágrimas reprimidas que te queimavam o rosto enquanto caiam. Lágrimas de dor, lágrimas de raiva contidas, carregadas de temor. Lágrimas que mesmo depois de surpreendida pelos filhos teimavas em negar. Das palavras de desprezo que te rasgavam a alma e te feriam no mais profundo do teu ser. Palavras gritadas com desdém, carregadas de ódio, apenas por não quereres comer.
Sei das humilhações que te infligiram. Daqueles 5 quilómetros percorridos, a pé, que te obrigaram a fazer, para pedir perdão aos país dele só porque ousaste mandar fazer o vestidinho de batismo do teu primeiro rebento. Das vendas escondidas de ovos e milho só para teres alguns míseros cêntimos, porque até dinheiro para roupa interior te negavam. Dinheiro que afinal era teu e que por casamento, ele se apoderara... Dos gritos de desespero escritos em cartas. Dos desabafos de agonia denunciando a sua alma vil, que fazias chegar a medo, às mãos das tuas filhas. Cartas que a vizinha entregava por ti, às escondidas, não fosse ele saber... E sabe-se lá o que fazer... Das traições que fingias desconhecer...
Sei da vida escrava de trabalho duro, frente aos bois que ele te impunha. Das forças físicas que te faltavam e tu caias. Pouco lhe importava a tua natureza frágil, o teu corpo agastado. Saia juntar-se aos amigos enquanto o trabalho, por ti sozinha, se fazia. Daquele dia que quase morrias, quando ele te enviou aquela maldita carta, infestada de crueldade. Deixaste de falar. Deixaste de comer. Deixaste de ser. Do dia que deste à luz sozinha porque ele não se coibiu dum passeio a Fátima a poucos dias de seres mãe... Porque para ele ser mãe não era mais do que parir...
Sei porque também eu, senti, sofri e agonizei nas mãos de alguém assim. Chorei a mesma dor. Morri todos os dias ao ouvir as mesmas palavras. Sei porque também o vivi.
Mas em tua memória não deixarei que jamais sejas esquecida.
Farei de ti minha heroína. Minha inspiração para a vida.
Sei porque também eu, senti, sofri e agonizei nas mãos de alguém assim. Chorei a mesma dor. Morri todos os dias ao ouvir as mesmas palavras. Sei porque também o vivi.
Mas em tua memória não deixarei que jamais sejas esquecida.
Farei de ti minha heroína. Minha inspiração para a vida.
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