Quando chegou à minha vida ela tinha apenas três meses. Com um olho à pirata, orelhas compridas e toda branquinha, era linda de morrer. Disseram-me que ia ser minha e por isso seria eu a dar-lhe um nome. Não foi difícil. Logo ali olhei-a e pela elegância com que se movimentava, pela obediência que já tinha sem lhe ter ainda ensinado a ser "gente" dentro de casa, disse: vais te chamar Lady porque és uma Lady. Ela entendeu e retribui com uma sentida lambidela. Foi há seis anos. Como o tempo passa... Há seis anos que faz parte de nós. Que nos presenteia todos os dias com imensos pulos desajeitados e rabo a chicotear as pernas enquanto nos lambe efusivamente, sempre que nos vê. A mim, é logo pela manhã cedo, na hora do pequeno almoço, que ela aguarda com impaciência, e sempre feliz por me ver, me dá um bom dia canino gostoso cheio de mimo.
Ela faz parte de mim e ai daquele que ouse magoá-la ou insultá-la! Atiro-me às grades e viro fera. Porque a triste realidade é que não falta quem se sinta espécie superior ao ponto de agredi-la pelo gradeamemto do muro, que ela protege por ser propriedade dela. Porque é ali que vive a família que ela ama e da qual faz parte. E por isso, mesmo com focinho desfeito, não desiste de afastar os agressores. Agressores que agridem só porque sim. Só porque acham que ela não tem direito a ladrar, como se ladrar fosse um insulto.
Ela tem tudo de um humano menos a fala. E tudo o que falta na humanidade, também. É um ser maior mais completo do que todos os seres existentes. Só ele nos ensina o verdadeiro sentido do amor e da amizade. O amor incondicional sem esperar nada em troca senão a nossa presença na sua vida. Com ela choro, com ela falo, com ela partilho como se fosse uma extensão de mim. Somos amigas, somos companheiras cúmplices nos segredos jamais denunciados.
A minha Lady é o meu amor canino. Um filho de quatro patas de quem me orgulho ser dono.
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