Não vou dizer que não assusta ver partir um filho para o estrangeiro. Nem sequer argumento sobre a saudade e a dor imensa que se sente na hora da partida. Mas os filhos não são nossos, são do Mundo. E vê-los partir um dia, voando pelas suas próprias asas, não é um pesadelo. É a concretização do sonho de qualquer mãe!
Que diferença faz, partirem de casa para trabalhar na capital ou para trabalharem em Londres? A distância. Essa distância que não passa de uma distância fictícia quando um avião permite ter nossos filhos ao pé de nós em duas horas. Quando muitos filhos, mesmo a morarem na cidade ao lado, passam meses senão anos sem visitar os pais. A distância é um problema que não existe onde existe amor. Porque os filhos onde quer que estejam a seguir suas vidas, não estão limitados pela distância mas sim pelo tempo e vontade. Tempo para poder estar com quem amam e vontade de o fazer. E quando assim o é, Londres, Paris ou Nova York é já ali...
Vi certo dia uma mãe a descabelar-se toda, como se a saída dos nossos filhos do país fosse uma tragédia. Como se, mesmo com um país próspero e sem crise, aqueles que não se conformam com migalhas salariais, não fossem sair. Nosso país tem uma cultura empresarial que nunca vai permitir salários e condições de trabalho equivalentes aos que se praticam lá fora. Não é uma questão económica. É cultural. Nossos empresários levarão ainda muitas décadas, sem crise, para deixarem de ser patrões e passarem a ser líderes. E pessoas inteligentes, corajosas, apostam sempre mais alto e não têm medo de desafios para alcançar o que aqui, se torna difícil ou mais moroso.
Meu pai, com 16 anos saiu da terra dele e procurou outros horizontes. O país não estava em guerra mas vivia estagnado pela ditadura. Podia ter ficado como tantos colegas que por cá ficaram. Mas quis ir mais longe. Quis alcançar outro nível de vida. E quando voltou, encontrou esses mesmos colegas, do mesmo jeito que os deixou: a viverem da agricultura e com casinhas modestas. A diferença entre ficar e ir, prende-se sobretudo entre alcançar objectivos mais depressa ou não sair da mediania... do viver à tangente. Para quem sonha do tamanho do Mundo, a primeira é sempre a hipótese mais apetecível.
Porque criei meus filhos livres para abraçar o Mundo, vê-los partir e concretizar sonhos de vida, é o maior dos orgulhos. E pouco me importa se o sítio onde vivem não se chama Portugal. O que me importa é que sejam felizes, realizados e bem sucedidos em qualquer parte.
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