O anúncio já tinha passado várias vezes na tv até que um dia pensei: "É hoje!" Porque não?! Sonhar não tem idade. E se eu tentasse?
Até que o dia da audição chegou. Na madrugada fria do dia 9 de Setembro seguimos em direcção ao Porto. Tínhamos consciência que era preciso sair cedo para não apanhar muita fila porém, à chegada, ficamos a saber que o conceito de "cedo", para nós, é demasiado tarde para os castings... e tínhamos assim , às 7h da manhã, apenas cerca de 1 milhar de pessoas à nossa frente. Um mar de gente. Uns enrolados em sacos cama, outros em cobertores, deitados no passeio ou de pé, a ouvir música ou a tocá-la, mas todos com a mesma motivação: a música! Jovens e menos jovens, caras conhecidas outras nem por isso, gente de todos os estilos aglomeravam-se por todo o recinto. A equipa da produção sempre numa azàfama lá iam chamando de tempos a tempos pelos números de cada concorrente. Pelo meio, ensaios sem fim de spots publicitários em que todos em uníssono nos agitávamos histéricos para a câmara amovível! Uma espera interminável que só foi interrompida ao fim do dia ... Para ficar a saber que, com tanta gente ainda para ouvirem, as opções para nós era voltar no dia seguinte ou esperar por novas audições!! Com a promessa que iria-mos ser logo atendidos, sem fila de espera, decidi voltar no outro dia.
Desta vez, assim que chegamos, entrei logo para o check-in. Depois da entrega do formulário e a foto da praxe frente ao "logo" do programa, segui para a sala de espera. E eu que até ali estivera sempre muito calma, de repente senti-me invadida por um misto de medo e nervosismo atrozes. Sentia as batidas dentro do peito cada vez mais intensas e sem saber porquê também, fiquei com um dos ouvidos tapados... "Boa"! - pensei eu - agora além de nervosa pra morrer vou também meio surda! Não esperei muito até ouvir o meu número - 8099 - e em pequeno grupo lá subimos para a sala das audições. Enquanto ouvia o candidato que entrara à minha frente pensei no quanto iria perder a minha prestação por não ter trazido o suporte musical que tinham pedido. Ia cantar àcappella e isso aterrorizava-me. De repente a porta abriu-se e gentilmente sou convidada a entrar. Apenas um cameraman e um membro da produção na sala. É-me dito para me colocar no X por baixo dos holofotes e ao 1,2,3 ... começar! Lembro-me de começar muito bem e de ver os rosto daquele homem sorridente com o resultado mas a dado momento páro! Esqueço-me da letra. Pergunto se posso repetir. Com um sorriso franco no rosto, é-me pedido para ter calma. Passo para a canção seguinte. Mas à segunda vez... volto a ficar em branco. Dentro de mim, um sentimento horrível da falhanço, logo eu que não gosto nunca de falhar. Aí, o membro da produção levantou-se. Dirigiu-se até à janela, tirou um cigarro enquanto olhava para mim dizendo:" Você sabe quantas pessoas estão ali fora? Eu não costumo fazer isto mas confesso que gosto muito do seu timbre de voz... Por isso, cante mulher! Perca esse medo e cante! Cante como se estivesse no chuveiro, no carro, a limpar a casa, mas cante! Bote pra fora essa voz que tem!" Senti que era o tudo ou nada e aquelas palavras caíram-me bem. Cantei o tema até ao fim mas com o sentimento que ficaria por ali... Quando terminei, foi-me dito que tinha sido pena esta insegurança. Que tinha boa presença física, boa voz mas que isso não era o suficiente. Mesmo assim deixou no ar que por ele, passava mas que dependia dos colegas ao ver o vídeo. Disse-me ao despedir-se:" Não prometo nada, vai depender muito daquilo que os outros vão achar. Foi uma pena. Você canta muito bem!"
Saí tristíssima pelo corredor fora, a passo mecânico, alheia a tudo que me rodeava. Até que uma voz chama por mim:" Espere! Vai para aquela sala para entrevista!" Enquanto esperava reparei que muitos saíam sem serem entrevistados e imaginei que talvez isso pudesse querer dizer alguma coisa... De semblante carregado desci depois para junto do meu companheiro de viagem a quem revelo o desastroso casting. Ao abandonar o edifício, tivemos ainda tempo de esbarrar com a Bárbara Guimarães e o Manzarra, que, ao reconhecer o vendedor do seu dogue, simpaticamente nos cumprimentou aos dois, com direito a beijinhos também...
Mesmo desiludida, levava comigo alguma esperança que se esvaneceu assim que o prazo previsto para me contactarem terminou. Os primeiros tempos foram difíceis pois não me perdoava tamanha falha. Tinha aberto uma caixinha de um sonho guardado há tanto tempo e fechada pelas circunstâncias da vida a sete chaves e não soube agarrar o momento como deveria...
Mas hoje, já superada desse desgosto, percebi que se não aconteceu foi porque ainda não era o momento. Entendi que guardar tanto tempo um desejo de criança não me deu traquejo para subir a um palco e que por muito que a vida me afastasse das minhas crenças, deveria ter lutado um pouco mais por aquilo que realmente me fazia feliz: a música. Mas não me arrependo de nada. Lutar por aquilo que queremos é intemporal e correr atrás dos sonhos é um acto de coragem que só os loucos entendem. Faria tudo de novo mas com mais convicção e mais garra!
Faria não, farei! Porque se outros castings houver, eu vou!
Saí tristíssima pelo corredor fora, a passo mecânico, alheia a tudo que me rodeava. Até que uma voz chama por mim:" Espere! Vai para aquela sala para entrevista!" Enquanto esperava reparei que muitos saíam sem serem entrevistados e imaginei que talvez isso pudesse querer dizer alguma coisa... De semblante carregado desci depois para junto do meu companheiro de viagem a quem revelo o desastroso casting. Ao abandonar o edifício, tivemos ainda tempo de esbarrar com a Bárbara Guimarães e o Manzarra, que, ao reconhecer o vendedor do seu dogue, simpaticamente nos cumprimentou aos dois, com direito a beijinhos também...
Mesmo desiludida, levava comigo alguma esperança que se esvaneceu assim que o prazo previsto para me contactarem terminou. Os primeiros tempos foram difíceis pois não me perdoava tamanha falha. Tinha aberto uma caixinha de um sonho guardado há tanto tempo e fechada pelas circunstâncias da vida a sete chaves e não soube agarrar o momento como deveria...
Mas hoje, já superada desse desgosto, percebi que se não aconteceu foi porque ainda não era o momento. Entendi que guardar tanto tempo um desejo de criança não me deu traquejo para subir a um palco e que por muito que a vida me afastasse das minhas crenças, deveria ter lutado um pouco mais por aquilo que realmente me fazia feliz: a música. Mas não me arrependo de nada. Lutar por aquilo que queremos é intemporal e correr atrás dos sonhos é um acto de coragem que só os loucos entendem. Faria tudo de novo mas com mais convicção e mais garra!
Faria não, farei! Porque se outros castings houver, eu vou!
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