Todos temem a morte como se a morte custasse alguma coisa. Morrer é fácil e não dói nada. Um dia deixamos de respirar e pronto. Acaba tudo ali. Sofrimentos, dívidas, mal entendidos, amarguras, doenças... Tudo! Num segundo tudo, se desvanece para dar lugar ao silêncio da paz eterna. O que é de facto doloroso, insuportavelmente doloroso é morrer em vida. A cada golpe sem misericórdia que a vida nos dá, um bocado de nós morrer por dentro esvaziando-se em dor dilacerante. Bocados de nós que desaparecem, outros que ficam por ali moribundos. Pedaços que definham, devagarinho... muito devagarinho até deixarem de existir.
Morrer em vida é ver trevas onde dantes havia luz. É seguir moribundo arrastando-se pela vida com o único propósito de morrer... depressa. É a solidão no meio da multidão a tomar conta de cada minuto respirado. É o desespero de querer sair de cena rapidamente mas continuar ali só porque o corpo teima em continuar vivo. É o sentir que não estamos ali a fazer nada a não ser existir.
Gostava de poder dizer que meu pai não foi uma dessas pessoas. Gostava, ah! se gostava! de dizer que meu pai não morreu em vida. Mas não posso. Infelizmente apesar da minha luta para que isso não acontecesse, não posso. Porque na realidade, os meus olhos presenciaram o terror da solidão, do abandono cruel a alguém que por amar tanto, sofreu e quis morrer. Tantas vezes li naquele rosto cravejado de tristeza a interrogação de quem não entende. E por não entender, pedia para morrer.
Chamou a morte a si tantas vezes. Queria que o corpo se fosse para que pudesse ficar liberto daquela agonia. Perguntou por eles. Todos. Queria-os ali. Perguntava... e eu sem respostas. Até ao último suspiro não o pude ajudar.
Não consegui impedir que meu pai morresse em vida...
Morrer em vida é ver trevas onde dantes havia luz. É seguir moribundo arrastando-se pela vida com o único propósito de morrer... depressa. É a solidão no meio da multidão a tomar conta de cada minuto respirado. É o desespero de querer sair de cena rapidamente mas continuar ali só porque o corpo teima em continuar vivo. É o sentir que não estamos ali a fazer nada a não ser existir.
Gostava de poder dizer que meu pai não foi uma dessas pessoas. Gostava, ah! se gostava! de dizer que meu pai não morreu em vida. Mas não posso. Infelizmente apesar da minha luta para que isso não acontecesse, não posso. Porque na realidade, os meus olhos presenciaram o terror da solidão, do abandono cruel a alguém que por amar tanto, sofreu e quis morrer. Tantas vezes li naquele rosto cravejado de tristeza a interrogação de quem não entende. E por não entender, pedia para morrer.
Chamou a morte a si tantas vezes. Queria que o corpo se fosse para que pudesse ficar liberto daquela agonia. Perguntou por eles. Todos. Queria-os ali. Perguntava... e eu sem respostas. Até ao último suspiro não o pude ajudar.
Não consegui impedir que meu pai morresse em vida...