quinta-feira, 5 de março de 2015

A VIDA NO FACEBOOK

É um ritual obrigatório. Todos os dias sem excepção, há uma obsessão inexplicável quase patológica de actualização de estado, de mostrar ao Mundo onde estamos,  como estamos, o que fazemos e com quem. Mostrar sobretudo que estamos felizes e realizados. É imperial transmitir  aos outros aquilo que, mesmo não sendo o que realmente somos, imaginamos ser o politicamente correcto.  No facebook não há relações falhadas, vidas frustradas ou empregos miseráveis. Sorrimos muito irradiando felicidade ao lado dos quem supostamente amamos. Vidas  perfeitas, amores perfeitos que invadem o nosso feed noticias, deprimindo-nos todos os dias por acharmos que nós, os das vidas imperfeitas, somos uns falhados.

Aqui só há gente bonita com vidas glamorosas.  Então que estamos nós imperfeitos ali a fazer?

Numa montra universal onde toda a gente se expõe sem complexos nem pudores, parece estranho andar por ali sem que pensem o mesmo de nós. E na verdade por muito que digamos o contrário, o pouco que pensamos mostrar, ao fazê-lo publicamente, estamos nós também a  rezar pela mesma cartilha. 

Adversa a estas modernices da internet, fui para a esta rede social por mero acaso e curiosidade. Tendo lido algures que nos permitia contactar pessoas em qualquer parte do mundo, logo me apressei a entender como funcionava. Acabei por encontrar quase todas as pessoas que procurava e fiquei viciada. Não pelo vício de me mostrar. Não pelo vício de exibir tudo o que faço. Mas pelo vício de ir espreitar todos os dias aqueles por quem tenho afecto mas que estão tão longe que não os posso ter ao meu lado. Vejo o que postam, vejo o que fazem, acompanho o que dizem, e assim, mesmo à distância, sinto-os. De um momento para outro, o Mundo ficou mais pequeno e falar  com quem não está perto, tornou-se uma necessidade vital.

Independentemente daquilo que se diga, do ser contra ou a favor, confesso que hoje não passo sem o facebook, mesmo sabendo que grande parte do que lá se passa não se coaduna com a verdade. Compete-nos a nós aprender a filtrar e ensinar nossos filhos a  tirar o melhor proveito das novas tecnologias, sem se deixarem dominar por elas, deixando-as entrar na nossa vida de forma saudável.

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