sexta-feira, 28 de agosto de 2015

AFASTE-SE DE QUEM LHE FAZ MAL




A vida é curta, demasiado curta para nos aborrecermos com gente que não interessa. Com gente que mais subtrai do que acrescenta. Com gente que suga toda a energia dos outros como sanguessugas esfomeadas. Gente que só traz consigo lamentações e críticas. Gente que nunca está satisfeita com nada porque tudo, nunca chega para tamanho ego frustrado.

Fuja. Fuja a sete pés. Afaste-se daqueles que fazem de si sua bengala. Se acoplam pousando seu fardo em cima de seus ombros, para que o carregue. Que transformam sua vida em dias de chuva cinzentos. Fuja. Porque você não é camião de mercadorias para transportar fardos dos outros; não é psicanalista para estar presa durante horas a ouvir lamentações; não é director da CARAS para estar a documentar-se sobre os que outros fazem ou deixam por fazer. 

Porque se quer ser feliz tem de se rodear apenas do que lhe faz bem. Daqueles que olham a vida do mesmo jeito. Que lhe transmitem energia positiva. Que valorizam as pequenas coisas. Que nunca complicam, nunca lamentam. Pelo contrário, agradecem todos os dias tudo o que os rodeia. 

A vida por si só já é fardo. E todos já carregamos o nosso. Manter relacionamentos com gente tóxica, apenas serve para contaminar o nosso espaço. Por isso, faça uma limpeza nas amizades. Afaste-se sorrateiramente dumas, bloqueie radicalmente outras, mas retire, como quem retira pedras, do seu percurso, e verá como os dias seguintes serão bem mais bonitos... E leves.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

AZAR NÃO É KARMA



Por vezes não sei se choro ou se rio quando certas criaturas se rejubilizam com o azar dos outros, chamando-o ignorantemente de karma. Estas pessoas de alma obscura parecem estar escondidas, acompanhando cada passo dos outros, espreitando cada movimento, à espera da tão desejada queda! Depois, ligam o megafone, e pelas ruas, soltam a voz para aclamar as desgraças alheias, convictos de que se trata de um retorno pela ousadia de alguns em po-los no lugar dizendo simplesmente as verdades que eles não querem ouvir. Depois é vê-los vitoriosos a esfregarem as mãos de contentes só por verem o outro a tropeçar na vida.

Acontece que azar não é karma. Que todos nós, comuns mortais estamos sujeitos ao azar e que não depende da vida que levamos mas sim da sorte que nos calha. Dizer-se que alguém foi castigado assim que descobriu doença oncológica, perdeu um ente querido, foi despedido ou perdeu um negócio, é de tamanha imbecilidade que nem merece comentários, apenas desprezo. O azar é aquilo que nos vem bater à porta mesmo que tenhamos tido uma vida correta e decente. Karma é o retorno daquilo que fazemos ou dizemos a alguém. É a consequência dos actos e palavras dirigidas que, se forem cruéis, mais cedo ou mais tarde retornam, seja pela mesma via, seja por outros. Mas retorna. 

O karma é sempre resultado daquilo que fazemos aos outros e não vem em forma de tragédia. Vem em estado de ensinamento, de lição de vida, de aviso que claramente se distingue do tão malfadado azar.

Tenho na minha vida almas vis que se contorcem de tanto que querem a minha desgraça. Que me acompanham desde que existo e se esforçam por provocar a minha queda. A ponto de atribuírem à doença do meu pai e posterior perda do meu negócio ao karma por ter ousado pronunciar-me sobre eles ao fim de 35 anos de silêncio. Sobre isso nem sequer me manifesto. Perdôo-lhes a ignorância de serem pobres de espírito ao ponto de não perceberem que se eu fosse igual, estaria agora a vangloriar-me com as desgraças que não param de cair em cima deles mesmos. 

Mas a natureza foi demasiado generosa comigo em bom senso e inteligência para saber que azar não é karma.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

AMOR FIRME

Não há drogas leves nem pesadas. O que há são classificações atribuídas a essas substâncias que as tornam legais ou ilícitas. Porque drogas são sempre drogas, sejam vendidas nas farmácias ou na rua. E começa aqui o primeiro grande obstáculo ao reconhecimento deste problema: a negação. Porque nos é dito que é medicamento. Porque nos é dito que haxixe é droga leve, queremos acreditar que não há problema. Que é apenas uma questão de tabus levantados por uma sociedade retrógrada. Para percebermos mais tarde que afinal, droga é sempre droga. É adicção. É dependência. É a morte premeditada. É o princípio do fim da nossa liberdade. Depois pensamos que estas coisas só acontecem aos outros. Que é preciso "nascer-se" predisposto. Que é preciso pertencer a um grupo marginal. Que é preciso estar mergulhado numa depressão, para que a droga entre nas nossas vidas. Até que um dia descobrimos que não é assim...

Naquela madrugada estava decidida acabar com tudo. Estava farta daquele temperamento inconstante. Daquelas ausências sem explicação. E no momento em que me preparava para lhe dar a notícia, eis que ele me surpreende com a revelação fatal: era adicto a drogas. De repente o meu chão sumiu. Paralisada na penumbra da cozinha, ouvia silenciosamente aquele relato emocionado de quem pedia ajuda desesperada. Ninguém jamais está preparado. Nem uma bomba conseguiria tamanho estrago de alma. A devastação da notícia consumiu-me. E agora? 

Teria sido mais fácil deixá-lo logo ali. Virar costas e seguir minha vida. O problema é o amor. Quando se ama alguém profundamente, virar costas é a última coisa que se quer. Porém, estava longe de imaginar que, ao aceitar ajudá-lo, estava a abraçar o maior e mais doloroso desafio da minha vida. E foi. Foi a experiência mais traumática, mais dura, mais violenta que vivi. O pior foi pensar que conseguiria dar conta de tudo sozinha. Até vir o colapso final demonstrando que estas batalhas não se travam sem ajudas de todos. 

Foi  preciso muito amor firme para dar conta deste nefasto mal. Amor carregado de corajosos "nãos" e ultimatos sem saber que reacções viriam depois. Amor feito de muita lágrima e revolta sem desistir. Amor de raiva sem perder o rumo, sem deixar de segurar a mão de quem caminha lentamente para a morte. Amor que semeia esperança naquele que já a perdeu e se recusa a viver. Amor firme de quem ama incondicionalmente e quer resgatar quem já se foi, trazer à tona quem mergulhou fundo e tarda a vir à superfície.

Aprendi na carne que drogas, não importa a classificação que se queira dar são sempre nefastas. Que destroem cerebralmente quem as toma e que, mesmo o negando, criam adição. Que é fácil partir da mais "leve" para a mais dura. E que basta tocar numa delas para já não conseguir viver sem ela. Que a única forma de se manter imune, é nunca tocar em nenhuma delas por muito inofensiva que pareça. Todos entram quando querem, mas só saem quando podem.

Mais do que tudo, só o amor firme da família, de amigos ou companheiros de vida resgatam esses seres do abismo.





sexta-feira, 7 de agosto de 2015

NOSSO AMOR É BRANCO






O nosso amor é branco cor de luz,
Uma tela gigante onde pintamos o desejo,
E o ardor da paixão com nossos corpos.
São raios de cores intensas,
Pinceladas  de suspiros,
Beijos ofegantes e pele molhada.
O nosso amor é branco,
Branco fogo, branco paixão,
Clarão fulguroso arrebatadora explosão.
É apego, é emoção,
É oceano de prazer,
Tempestades de sedução.
Um universo só nosso
Pintado de branco feito de luz,
Que nos queima sem dor,
Só paixão.
Branco que ofusca, branco que cega,
Branco que te embriaga em mim,
E eu em ti,
De amor em fusão.



SEM MANUAL DE INSTRUÇÕES







Seria tudo mais fácil se tal como os eletrodomésticos, as coisas da vida viessem acompanhadas de manual de instruções. Não perderiamos tempo a procura de saber como fazer dando cabeçadas valentes a cada erro. Não nos sentiriamos tontos à deriva porque na mínima dúvida, lá estariamos nós a consultar o livrinho. Como assim não é, temos de caminhar às cegas confiando na nossa intuição que mais vezes falha do que acerta. 

Não nascemos preparados. As lições aprendem-se com as experiências a troco de muita dureza e sofrimento. Aqui a teoria vem depois, deixando-nos por vezes  completamente escangalhados, para mais tarde, apanharmos as peças espalhadas pelo chão... E no dia seguinte, lá vamos nós para mais uma experiência de luzes apagadas.

Depois vem as pessoas que não nos entendem. Que não nos conseguem descodificar. Para quem temos de repetir incessantemente o que somos, de que gostamos, o que nos irrita, o que nos faz feliz. Repetir, repetir até à exaustão! Era tão mais fácil dizer: "vai ao capítulo 5 e procura na página 12 sobre como me agradar... E pronto. Punham as leituras em dia e nós não precisaríamos de mais nada senão esperar que nos encham de tudo o que nos faz bem.

Mas a vida vem sem manual de instruções. E vivê-la é a aventura mais radical que se pode ter.








O VALOR DO TEMPO




É à medida que envelhecemos que começamos a compreender o valor do tempo. O tempo que aos 14 anos não havia maneira de passar mas que aos 50 voa sem parar. Num minuto estamos no verão noutro já é Natal... Corremos sem abrandar, ultrapassados mesmo assim pelo tempo, que depois de passado, já não alcançamos mais. Começamos a perder pelo caminho pessoas. Pessoas que supostamente tinham uma vida pela frente. Uma vida que afinal não passaram de alguns anos estupidamente interrompidos. E é quando levamos a primeira sacudidela bem forte... De repente, relativizamos tudo. Pomos os freios a fundo e pensamos: "Já vivi meia centena de anos e ainda não fiz quase nada... Tanto ainda por viver e concretizar... E se amanhã já é tarde?"  

Começo a pensar que se calhar já não tenho tanto tempo assim. Que agora as distracções podem fazer-me perder mais do meu tempo, que se esgota a cada minuto, sem volta. Que o tempo é tão precioso que é preciso agarra-lo e transforma-lo em qualquer coisa que valha a pena um dia lembrar. Um beijo por dar... Sentimentos por demonstrar... Conversas adiadas... Projectos por nascer... Fazer hoje e nunca amanhã.

Porque o tempo, não tarda nada, já era... 




quinta-feira, 6 de agosto de 2015

ANJOS NA TERRA





Há anjos na terra. Não têm asas. Não vestem de branco. Não são invisíveis. São almas magníficas vestidas de gente que vagueiam no meio de nós atentos ao sofrimento. Sedentos de amparar. Fecundos de afectos e amor para partilhar. São gente que não se vê nem se sente até ao momento em que, perdidos na vida, sentimos sua mão firme a trazer-nos de novo à superfície.

A vida trouxe-me muitos infortúnios. Desviei muita pedra do meu caminho. Fui joguete em mãos maquiavélicas. Mas ao mesmo tempo que me afogava em dor, inundava-me depois de luz divina emanada por estas criaturas celestes. Fui abençoada com anjos depositados a cada esquina que me seguram e abraçam sempre que alguém me empurra. Andam aí, sempre ao meu lado, atentos a tudo que me rodeia. Inquietos com o meu sofrer. Radiantes com cada vitória. São meu suporte de vida. Minhas pedras angulares. Têm rosto e nome mas caminham no silêncio escondidos dos olhares. Porque o altruísmo pratica-se sem destaques, sem glórias, só por amor.

A eles devo tudo o que sou. Porque só sou o que sou graças a essas mãos firmes cheias de graça quase divina, que iluminaram os caminhos que pisei. A eles devo a vida que por eles a daria sem hesitar como prova de gratidão por fazerem parte de mim. A eles tudo devo, porque sem eles, eu não seria assim...

A todos os meus anjos da Terra que eu amo.