sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A FALAR É A GENTE SE ENTENDE


Dizem que é a falar que a gente se entende. Nem sempre. Tudo depende de quem nos ouve. Da vontade do mesmo de nos ouvir, de nos entender. Depois virá os seus valores, os seus conceitos de vida. E como se tudo isto não bastasse, o grau de literacia. Sem tudo isso, o nosso interlocutor pode não entender nem uma palavra daquilo que estamos a dizer, como se ouvisse noutra língua qualquer, um aglomerado de palavras e sons imperceptíveis. 

O acto de falar, que à primeira vista parece tão fácil, transforma-se muitas vezes numa batalha interminável em que um quase esgota o lêxico nas explicações sem que o outro entenda seu discurso. Quantas vezes não damos por nós completamente exaustos quando num fim de conversa verificamos na expressão ou palavras do outro, que não fomos nem um pouco compreendidos?

Para que o entendimento aconteça na perfeição terão de haver logo à partida afinidades com o nosso interlocutor. Coisas simples como, sentir como nós, pensar como nós, ver o Mundo como nós, falar como nós... Quando isso acontece a sintonia é perfeita. As conversas são longas e duradouras. O tempo passa voando saudoso de um próximo encontro. 

Sou comunicadora por excelência. Não consigo dizer nada por meias palavras. Se me pedem uma explicação, tomo todo o meu tempo a fazê-lo descrevendo tudo o que entender como se de uma tela se tratasse.  Se me pedem para contar o meu dia, descrevo-o como se estivesse a escrever um livro com detalhes, com diálogos, com côr. Não faço nada em tons cinzentos muito menos quando falo... Não gosto de gente de monossílabos, de sims e nãos como únicas respostas. Não gosto de diálogos curtos e despidos feitos à pressa como quem despacha o cobrador da luz. As palavras são belas e fizeram-se para se usar e abusar porque nas frases breves muito se deixa por falar... Por isso, quando me apercebo que sou mal entendida, fico chateada. E eu que tanto me esforço por me fazer entender, sinto que todo o meu empenho de pouco valeu.   Revolto-me por vezes com esta dificuldade de comunicação que às vezes me atormenta  e não sossego enquanto não me faço entender. Porque não há nada pior que ser mal interpretado, mal entendido.   

Voltei a ler o que me escreveram naquele dia e podia ignorar de vez o assunto. Mas não consigo. A carta revela do início ao fim erros de interpretação ao que por mim foi dito. Um amontoado de palavras retorcidas pela incapacidade de as entenderem, provocando sentimentos erróneos. A autora debate-se em sentimentos exaltados convencida que os odeio...  Seria tão mais simples se na dúvida pedissem para repetir-mos. Que pedissem para explicarmos melhor. Que  ousassem  até a  falar pessoalmente. Que  não se deixassem levar por ideias tolas e sem fundamento só porque tenho coragem de dizer o que me vai na alma.

Na verdade o entendimento só acontece quando o queremos, quando o procuramos. As palavras por si não fazem nada se a quem elas se destinam não estiver disposto a entendê-las...

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