quarta-feira, 27 de maio de 2015

A OUTRA FACE

De tanta pancada que levamos, de enganos, de mentiras, deveríamos ficar aptos a identificar num instantinho as pessoas que se aproximam de nós só por interesse, certo? Errado! Desengane-se quem pensar assim. Estas criaturas diabólicas com duas faces não têm um padrão único. São pessoas camaleónicas que se adaptam, e sofrem metamorfoses profundas capazes de enganar o mais céptico de tão bem que sabem representar. Acreditam no seu poder de persuasão feito de palavras profundas inteligentemente escolhidas, depois de rapidamente analisar a vitima. São gente sempre muito agradável e prestável capaz de tirar a camisa por nós. E para que não tenhamos dúvidas disso, fazem-no inicialmente, um sem número de vezes para que não duvidemos das sua generosa amizade. Deixam-nos de quatro, boquiabertos e rendidos a tão bela alma caridosa. Para num momento de distração, abocanhar-nos de uma dentada só!

Não há como fugir. Não há como evitar. Quando ficamos a conhecer um, logo vem outro. E ficamos depois a saber penosamente que todos são diferentes. Todos atacam ao seu jeito uns mais profissionais que outros. Uns mais inteligentes, outros mais hábeis, mas todos sempre diferentes.  Por isso, quando achamos que já conhecemos e identificamos um aldrabão, eis que nos aparece outro mais sofisticado, que nos dá outro golpe que nos deixa incrédulo.

Seria bem mais fácil se pudéssemos obter um currículo de vida de cada pessoa que se candidata a uma amizade. Avaliá-los como se avalia um pretendente a emprego, minuciosamente e com certificados de autenticidade. Aí, todos aqueles que tivessem prevaricado na vida seriam excluídos e nós salvos. Ou melhor ainda, um chip electrónico com todos os registos de uma vida que poderíamos consultar e impossível de violar. 

Enquanto esse dia não chega, só podemos confiar na nossa falível intuição e rezar para que pessoas com outra face não cruzem nosso caminho.

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