É impossível ser-se feliz quando nos impedem de voar. Quando nos castram de todas as liberdades fundamentais à vida. Nascemos todos para sermos livres. Livres no pensamento. Livres na palavra. Livres nos desejos. Livre nas decisões. Livres de sermos donos de nós. E à medida que vamos crescendo percebemos finalmente que o nosso maior desafio não será a luta pela nossa independência mas sim, pela nossa liberdade.
Há relacionamentos assim. Como quem fecha numa gaiola o passarinho para não voar, enclausura-se quem se ama por medo de o ver fugir. Sem perceber porém, que é precisamente por estar impedido de ser livre que ele procura soltar-se. Bastaria dar-lhe alimento todos os dias com muito carinho e manter a porta aberta para constatar que ele voltava sempre. Porque voltamos sempre para onde nos sentimos bem. E aí, em vez de uma gaiola veríamos um lar, um porto seguro onde voltar não é prisão, é prazer.
Muitos por medo cometem este terrível erro. Não querem que ela trabalhe fora por medo que ela se envolva com alguém. Não querem que saia com amigas com medo que ela seja influenciada por elas. Controlam tudo o que ela faz com medo que lhe seja infiel. Contestam o que ela veste com medo que algum homem se interesse por ela. Corta-lhe as asas pensando que assim não voa. Mas mulher que é mulher, quando não pode voar, rasteja até caber por baixo da porta, atira-se da janela. E se não houver portas nem janelas, constrói umas. Mas sai.
Depois há outros que sem cortar totalmente, vão aparando as asas para que elas sintam que até dão pequenos voos mas sempre baixos, sempre rasteiros. Dão a falsa ideia que até são liberais sem o serem de todo. São castradores "light" que iludem mas não convencem.
O segredo do sucesso das relações humanas está nesta simples regra: deixar voar. Deixar ser o que a outra pessoa quer ser. Apoiar seus sonhos, seus desejos. Não forçá-la a ser o que não quer nem a fazer o que não lhe agrada. Respeitar a individualidade de cada um sem sacrifícios nem mau humor.
Porque quem ama respeita o ser que há em nós e ama-o como ele é sem amarras.
Porque quanto mais se solta alguém, mais vontade ele tem de regressar.
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