quinta-feira, 21 de maio de 2015

O MEU DESACORDO ORTOGRÁFICO






Confesso que sempre tive esperança que esta ideia pacóvia de unificação da língua portuguesa abortasse a qualquer momento. Parecia tão óbvio que este assassinato autorizado por meia dúzia de iluminados linguistas, fosse cair no esgoto pela cacofonia causada na nossa tão ilustre língua portuguesa. Mas não. Pelos vistos, a proposta é tão boa que nem o facto de quase todos os homens e mulheres das letras e outros de vários   quadrantes se terem recusado a usá-lo, aí está ele, firme e hirto para seguir agora de forma obrigatória. 

A mim não é tanto pelo facto de eu querer dizer que o cágado vai de facto para a praia e meus interlocutores pensarem que eu quis dizer que o cagado foi de fato para a praia. Ou então que tenho uma empresa de tectos falsos mas telefonam-me a dizer que querem comprar uma cirurgia para pôr tetos falsos. A mim, o que realmente me atrofia de todo a mente, é não entender porque unificamos a nossa língua aos africanos ou aos brasileiros, se o berço dela é cá.  E se é nossa, quem tem de se unificar a ela são os outros! Ponto!

O curioso disto tudo é que são precisamente os países  que colonizamos, para onde transportamos a nossa língua, que nos fazem um manguito dizendo: ah! Pois é... Mas por enquanto não vamos adoptar o acordo... Alguém entende alguma coisa disto?! Então só o portuga é que quer unificar a língua? E por alma de quem?

Por outro lado, eu que sou leiga nestas matérias linguísticas, apercebo-me ao ler obras traduzidas para português brasileiro, que por muito esforço concentrado neste tão macarronico acordo de unificar as línguas, jamais poderemos fazê-lo sem eliminar ou acrescentar vocabulário. Porque no brasileiro não há autocarros. Há ónibus. Não há casa de banho. Há privada. Não há stress. Há estresse! Quanto mais agora o vocabulário africano... E a confusão é já tanta que ao contrário de outros tempos, já não consigo sequer ler um simples titulo de jornal dizendo " fisco para execuções fiscais" sem ficar a matutar o que querem com isto dizer, ate ler o artigo e perceber finalmente que "para" era afinal "pára"...

Assim, enquanto não houver cadeia para quem não o utiliza, escreverei como me ensinaram e digo NÃO à estupidificação da língua portuguesa!

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