terça-feira, 26 de junho de 2012

O TEMPO DOS SLOWS



Naquele tempo era assim... Esperávamos ansiosos pelo momento em que a música ritmada parasse para dar lugar aos slows. Era o tempo do disco e  das roupas coloridas. Não havia uma única matiné que não passasse Michael Jackson ou Boney M. Era o frenesim dos anos 80.    

Nas discotecas dançava-se mas era sobretudo onde se esperava encontrar um par. Com as melhores fatiotas, deslocávamo-nos em grupos de 3 ou 4 amigas e dávamos lá uma escapadinha. Era preciso fazê-lo com sabedoria porque meninas de família não iam para essas bandas. As mais velhas combinavam as boleias que nos levavam escondidas até à disco menos popular da zona, não fosse alguém conhecido dos pais aparecer por lá... Moonligth era a mais próxima e "segura". Nada de frequentar Luziamar ou Sereia da Gelfa, as discotecas top daquela época.  Era difícil resistir a essa tentação sobretudo quando no liceu todas as amigas da turma falavam e descreviam o lugar como o melhor quer na música que passava, quer a magnificência da pista, quer pelos rapazes que lá paravam. Mas isso não era para mim e eu sabia-o. Ouvia meu pai todos os fins de semana a avisar-me que se me apanhasse num local daqueles, me prenderia à casa... 

Naquele tempo como ainda hoje, a dança e a música eram uma paixão. Sentia um fascínio por aqueles locais cheios de luzes mas sobretudo cheios de  recantos onde se podia namorar como nos filmes, longe do olhar da vizinhas que solenemente eram fieis aos meus pais e "zelavam" pela minha pureza. O ponto alto da matiné eram sempre os slows. Quando a batida parava para dar lugar às baladas, sabíamos que alguém nos viria buscar, ansiando que fosse aquele a quem lançamos um sorriso tímido enquanto dançávamos...   Coladinhos um ao outro, envolvidos pela música, era ali que tudo começava durante vários slows ininterruptamente...   O aperto do corpo denunciava a vontade de namorar ao que íamos respondendo cedendo aos beijos do nosso novo pretendente. Era o momento mágico onde durante quase 20 minutos nos esquecíamos dos que nos rodeavam. 

Assim era o tempo dos slows...


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