Não vale a pena fingirmos que agora, com mais instrução, mais profissionais especializados, com mais e melhores escolas, tudo na educação melhorou. Compreendo esses profissionais que assim querem fazer entender porque há de facto que demonstrar ao Mundo que eles fazem falta. Mas se assim é, expliquem-me o que se passa com as nossas crianças do século XXI.
Quando eu era criança e já lá vão mais de 40 anos bastava o olhar reprovador do pai ou da mãe para que nem ousássemos abrir a boca para retorquir sobre o sermão que acabara de ouvir. Na escola os professores não precisavam de linha SOS para se protegerem contra a violência estudantil. As crianças eram crianças e como tal rebeldes e traquinas. Não nasciam criadas e educadas mas tinham uma linha condutora dentro delas que as levavam a ter determinada conduta: a educação. Não haviam psicólogos nas escolas nem tão pouco os pais eram formados em ciências educacionais, mas os pais e professores transmitiam os valores e saberes adquiridos ao longo de gerações e que se perderam.
Perderam-se porque a dado momento entendeu-se que quem percebia de educação eram os psicólogos, dando-lhes todos os créditos sobre as novas pedagogias. E assim nasceu o fim das palmadas, o fim da autoridade, em casa e na escola, o fim dos castigos, o fim de tudo o que é importante na educação infantil. Passou a ser crime usar a autoridade em vez da repreensão. Incutiu-se nos pais o sentimento que um bom educador não dá palmadas nos filhos mas dialoga e leva-o a fazer o que ele quer sem gritos nem palmadas. Os pais, ao verem-se incapazes de obter resultados com estas pedagogias modernas, ficam deprimidos e frustrados compensando esse sentimento dando-lhes tudo o que pedem por acharem que assim terão crianças mais felizes e obedientes.
Retirou-se autoridade aos pais e aos professores e criou-se a geração de pequenos ditadores. Agora são eles que mandam. Logo aos 2 anitos, choram e berram, em todo o lado sempre que ouvem a palavra "não" até esgotarem a paciência dos pobres pais que perante tal filme público, acabam por ceder por medo de simplesmente dar uma palmadinha de amor. Vão crescendo assim até se tornarem adolescentes, e sem regras nem autoridade, já mais crescidos, ameaçam com violência caso não vejam seus pedidos atendidos. Com a mesma atitude, chegam à escola onde sabem que são intocáveis.
Há supostas evoluções que não são evoluções e é preciso ser corajoso e saber admitir que erramos. E o Mundo de hoje errou muito em matéria de valores e educação. É certo que em tempos passados cometeram-se excessos com pais ditadores mas evoluir é mesmo isso: retirar o que está mal mas manter o que está correcto. Os psicólogos e pedagogos que me perdoem mas não souberam encontrar o equilíbrio e transformaram as nossas crianças na geração de pequenos ditadores.
E os resultados estão à vista: nunca houve tanta violência nos lares, nas escolas, nas ruas e sobre idosos. O respeito pela condição Humana desapareceu.
Na educação dos nossos filhos há coisas que fazem falta na dose certa: autoridade, regras, castigos, palmadas. Outras em grandes doses: amor, afecto, diálogo, compreensão e cumplicidade. Todas fazem falta e eliminar umas para só fazer prevalecer as outras não serve de nada. Só com a combinação das duas é que teremos um dia, melhores Homens amanhã.
Sem comentários:
Enviar um comentário