terça-feira, 12 de junho de 2012

A PRIMOGÉNITA

Se eu fosse pintor seria uma obra naif, uma criação espontânea, sem escola, pincelada pelo instinto... Uma obra prima que me enche de orgulho e faz de mim uma artista inigualável.

Começou por ser o bebé mais lindo que se podia ter: lourinha, olhos cinza esverdeados, tez rosada e sorriso envolvente. E se é verdade que comecei essa obra sem vontade alguma, o certo é que não lhe resisti, e às primeiras pinceladas percebi o quanto era importante para mim. Era o meu prolongamento, a minha semente, o meu primeiro projecto de vida. Enquanto assistia ao crescimento desta nova paixão, uma mulher brotava da tela. O retrato quase perfeito de um ser maravilhoso. Não sei se é bela porque aos olhos de uma mãe, os filhos são sempre os mais lindos, mas nas qualidades humanas, aquelas que sentimos quando as têm, diria que das minhas mãos nasceu um "Picasso"... 

Sou vaidosa pela filha que tenho e não o escondo de ninguém. Exponho a minha obra sempre que me convidam a fazê-lo mas apenas nas melhores galerias do Mundo. Porque obras preciosas são para ser apreciadas por quem as entende.  Um Picasso não se discute com ignorantes. Personalidades incríveis precisam de outras à  sua semelhança para as apreciar e compreender. 

A minha primogénita  é o meu bem mais precioso. Foi a minha estreia na arte de conceber e foi com ela que aprendi que ser mãe é a melhor profissão do Mundo.

Amo-te muito filha.
 









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