quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

VAIS LÁ ESTAR


Vais lá estar...
Aconchegado à lareira que vou acender para te manter quentinho enquanto conversas. Vais contar vezes sem fim tuas histórias de menino que me fazem rir. Tuas anedotas que não me canso de ouvir... Vais soltar aqui e ali aquela gargalhada feliz, tão genuína, tão pura... 

Vai lá estar...
Teu lugar à mesa cuidadosamente posto, no lugar do costume. Onde sei que te vais sentar mais para falar do que comer. Vais te perder novamente nas conversas longas enquanto a comida resfria. Pouco te importando com isso. E no fim, não vai faltar o teu "portinho" que vais saborear com prazer...

E eu,
Vou sorrir enquanto falas,  me encantar com tudo o que dizes. Vou me deixar embalar a noite toda pelas tuas palavras sábias, pelo teu jeito carinhoso e divertido de as dizer. E no fim, vou te abraçar sussurrando-te ao ouvido o quanto te amo, o quanto me fazes falta... 

Porque tu... 

...vais lá estar...

Feliz Natal pai.



sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

AO MEU FILHO


Nasceste em mim, da semente do amor e em ti prolonguei minha vida, esculpi a alma do meu ser.

Brotaste em luz que irradias por onde passas, que aquece cada coração que tocas.

Menino doce que larga seu mel de afectos em nós, lambuzando-nos de mimos, melando-nos de atenções. Um arco íris de humanidade onde todos lá cabem e são irmãos à luz dos teus olhos.

Em ti cresceu o melhor dos meus projectos superado em bondade e carisma . És uma melodia que embala, um sorriso que abraça. O meu esboço transformado em tela, meu poeta trovador, carregado de cantos, distribuindo amor.

Pássaro livre filho do mundo, onde viajas sem medo, és sol e lua num casamento perfeito e tinhas de ser homem para que me apaixonasse todos os dias da minha vida...

E hoje, por tudo  que me deste, por tudo o que me ensinaste, não te felicito, agradeco-te, por ser personagem no teu livro que a vida há-de escrever. Por me teres escolhido para te fazer nascer.

Obrigado filho por te merecer.








sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A VIDA NÃO É UMA MARATONA




Andamos feitos loucos a correr como baratas tontas, stressadas com o que temos para fazer, o que ainda não fizemos. Corremos como se estivéssemos numa competição,  todos ansiosos por atingir rapidamente metas, para rapidamente chegarmos cada vez mais longe nos nossos objectivos mundanos.

A vida não é uma corrida. Uma prova de maratona em que o primeiro lugar garante a vitória. Se passar seu tempo a correr obcecado  com tudo o que tem para fazer, o mais certo é chegar à meta cedo demais. Porque aqui, quem chega primeiro, dana-se!

Na empresa do meu pai tínhamos um empregado guineense. O Jorge (era assim que se chamava), tinha um jeito muito peculiar de ver a vida. Quando um dia cheguei ao pé dele pedindo para se despachar mais rápido a fazer as paletes, respondeu-me: "Mas patroa! Pra quê andar mais depressa! A seguir a este trabalho vem outro. O trabalho nunca acaba! Nós é que acabamos!" Foi impossível deixar de sorrir. O Jorge tinha razão e aquelas palavras nunca mais as esqueci. Esta filosofia de vida permaneceu até hoje dentro de mim.

É importante cumprir com nossos deveres. É fundamental procurar atingir nossos objetivos. Mas é primordial que essa busca seja feita de forma tranquila e regrada. Sem obsessões. Sem exageros. Porque a vida é um sopro. Pode esvanecer a qualquer minuto. E se não aproveitarmos cada segundo como se fosse o último, perderemos o que mais precioso temos nela: o viver.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

QUEM AMA FICA



Acho graça às modas sobre uma suposta beleza feminina que faz uso de tudo o que é articial, para supostamente as tornar mais desejadas: cílios postiços; extensões de cabelos postiços; rabos postiços; mamas postiças; lábios adulterados; maquiagens transformadoras... A ponto de, se por ventura virmos a criatura em causa sem artifícios falsos, nem sequer a conseguir-mos identificar! E logo me pergunto, se mesmo elas, não se assustam pela manhã depois do banho... 

Na juventude, naquela idade difícil da adolescência, fui alvo de imensos comentários, nem sempre agradáveis. Quando me viam, fosse mulher ou homem, ao invés de me cumprimentarem com um "olá estás boa?", olhavam para mim e diziam: Ai miúda, estás tão magrinha!!!" E diziam-no num tom tão "preocupado" que me abalava achando-me horrivelmente esquelética! Outros, por pura maldade, diziam que "puxava ao pai". E ainda, um namorado " estás a engordar para a espinha" e colegas "esta para se abrigar da chuva basta-lhe um fio da luz"! Contudo, nunca me deixei contaminar por imposições físicas. Talvez já seja intrínseco, mas logo cedo criei anticorpos que ainda hoje utilizo e que me tornaram imune a qualquer observação feita a minha embalagem! 

Por isso, hoje, por não me enquadrar nos padrões de beleza considerados ideais, teria todos os motivos e mais alguns para querer transformar-me de cima a baixo. Mas no entanto, quando me confrontam, minha opinião é peremptória: mulher que se ama, não se transforma naquilo que não é. E amar significa aceitar-se. Significa valorizar-se por um todo e não por apenas parte. Porque não somos só capa de um livro. Somos história também. E não vale a pena usar de todos os artifícios para mudar a aparência, sem cultivar o conteúdo. Porque, por muito que se esforce em pensar o contrário, o que é por fora, prenderá por minutos. O que transparece por dentro, aprisionara por uma vida. 

Quando mudar alguma coisa, tenha a certeza que o faz apenas por si e apenas pelo seu bem estar. Porque se o fizer pensando agradar a outros, por insegurança e medo de perder seu companheiro, estará a perder dinheiro e tempo. Porque nosso é aquele, até quando o coração o permitir. Até quando a vontade existir. E de nada lhe servirá todas essas mudanças, se o sentimento se perder. E verá que quando ele partir nem sequer será por uma mais bela... 

Porque na verdade, quem ama fica... Seja com celulite, seja com rugas, seja com flacidez, seja como for... Quem ama fica sempre, porque o amor vem de dentro e não de fora.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O QUE DIZEM AS MINHAS RUGAS



Apesar de não me afligir com o avanço da idade, não nego que estou atenta aos pequenos declínios que se vão notando aqui e ali. A flacidez mais acentuada, o efeito da gravidade nos seios e nádegas, os cabelitos brancos que resolvem aparecer aos molhos e sempre mais, onde são visíveis. Sim, eu também não gosto nada de envelhecer. E confesso que desde que fiquei a um passo dos cinquenta, tenho olhado mais para mim do que o habitual...

Contudo, envelhecer não me assusta. A sabedoria adquirida nesta já longa vida, não me deixa entristecer. Aprendi que é um privilégio negado a muitos, ainda cá estar. Que apesar de não ter tido um percurso tranquilo, a verdade é que devo o que sou à turbulenta vida que me foi destinada. E se por um lado, ela me foi madrasta, por outro, tenho muitos motivos para sorrir. Porque na verdade fui tantas vezes desafiada, mas nunca derrubada. E tornei-me gigante Adamastor.

Por isso, imaginei sempre que ao envelhecer as primeiras rugas seriam na testa, onde as adversidades se manifestam. Mas não. Curiosamente, eu que tanta lágrima verti, que tanta dor transpirei, que tanta raiva gritei, as minhas primeiras rugas são de risos, são de sorrisos, engenhosamente colocadas no contorno dos olhos, nos cantos da boca lembrando-me que também fui muito feliz...

As minhas rugas dizem que abracei meus dias sorrindo. Que afastei meus males cantando. Que fui feliz não pela vida perfeita que jamais tive, mas pelo amor que nunca faltou.  Dizem que sorri mais do que chorei. Que distribuí sorrisos por onde andei. E que a felicidade que encontrei, foi de ver sorrir quem por mim passou.






quinta-feira, 29 de outubro de 2015

DIZEM QUE PARTISTE






Dizem que partiste. Que já não estás no meio de nós. Mas como podes ter partido, se todos os dias conversamos. Se todos os dias me dás conselhos... 

Como podes ter partido, se todas as noites nos despedimos com um beijo, se todos os dias acordamos juntos. Como podes estar longe se eu te sinto pousado em mim quando choro, se eu te sinto a empurrar-me quando hesito, se eu te vejo quando fecho os olhos... Se me sorris quando te agradeço...

Dizem que partiste, mas como?, se teu cheiro continua aqui. Tua gargalhada ainda se faz ouvir. Se teu sorriso nasce todos os dias no meu.... Teu coração bate forte dentro do meu peito, teu legado caminha dentro de mim...

Dizem que partiste, mas só parte de nós quem nunca existiu. Só parte de nós o que não foi amado. E tu pai, foste o amor da minha vida, o amor para toda uma eternidade. 

Não partiste nem partirás  porque moras em mim, e em mim, jamais morrerás.

Até logo meu Anjo.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

OBRIGADA POR CÁ ESTAR!







Que cada dia seja mais um dia de caminhada firme onde as pedras que te tropeçam edifiquem em ti e nasça fortaleza...

Que nunca te falte um abraço, um beijo para dar e muitos outros para receber. Dos que já amas e dos que te amam ainda sem saber...

Que a vida te rodeie de pessoas sem artifícios, puras e sinceras, numa amizade cristalina, onde as mãos se cerram em união, sempre que a tempestade vem...

Que a saúde te acompanhe para onde vás e seja teu anjo protector, para que teu tempo se prolongue entre nós e não nos faltes...

Que jamais percas esse sorriso divino, que irradia no teu rosto, pondo a nu tua alma tão nobre de generosa...

Que continues a ser esse raio de sol que nos inspira, que nos aquece e nos ensina a sermos fortes no meio dos cataclismos ...

Que as tuas lágrimas se transformem em pérolas e jamais te inundem na dor ou tristeza...

Que nunca deixes de ser, que nunca deixes de acreditar...

...porque onde quer que estejas, onde quer  que a vida te leve,  dentro de ti vou estar, e ao teu ouvido, todos os dias segredar "gosto muito de ti amiga! obrigada por cá estar!"


Feliz aniversário!

Dedicado à minha querida amiga Olivia

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

É PRECISO APRENDER A DIZER "NUNCA MAIS"






Há quem diga " nunca digas nunca". E de facto confirma-se. Mas só em parte. Há aqueles "nunca" que depois se transformam num "talvez",  ou mais tarde num "certeza que sim". Mas há aqueles, que resultam duma aprendizagem. De um experimentar de situações, um tanto ou quanto trágicas, dolorosas ou traumáticas, que surgiram para nos ensinar a não voltar a repetir. E esses são "nunca" do tipo "nunca nunca mais", mas mesmo, "nunca nunquinha mais"! Porque se não soubermos separar os "nunca", o mais certo é, mais dia, menos dia, voltarmos a entrar no pântano das desilusões...

Aprendi esta triste lição da vida à conta de mais um erro colossal e digo em pleno pulmões a quem me quiser ouvir, nunca mas nunca mais faço parcerias em negócios com ninguém; nunca nunca mais, acredito nas pessoas antes de ver se são verdadeiramente o que dizem ser; nunca nunca mais, deixo entrar na minha vida gente, sem dar tempo ao tempo para lhes conhecer os reais sentimentos, para dar tempo de caírem as máscaras; nunca nunca mais, me apresso a dar canas em vez de ensinar a pescar; nunca nunca mais me deixo enganar...

Porque a vida é feita de lições. Lições que como na escola, têm de ser aprendidas e memorizadas. Têm de ser transformadas em ensinamentos. E o tempo, esse mestre feito de sabedoria, não pode ser apressado. Porque a pressa é inimiga. E se não  aprendermos o que ele nos ensina, o sofrimento instala-se. A revolta destrói. O ódio nasce. E a liberdade de viver em paz, perde-se.

Aprender a dizer "never again" é crescer. É criar defesas. É amor próprio. E só ele dá imunidade ao sofrimento... e nos preserva do mal.




SOU EUROPEIA





Vir da América e aterrar em 1979 em Portugal, era como chegar hoje a um país subdesenvolvido. Recordo-me ainda do choque. Não haviam autoestradas que nos levasse do aeroporto de Lisboa até à terra natal da minha mãe, no norte. Ia- se pela estrada nacional, que aos meus olhos era estreita e cheia de curvas, mau piso e demorava horas infindáveis. Quando paramos para comer, o empregado de mesa não sabia o que era coca-cola, mas que tinham "spur cola", que provavelmente seria idêntico. Os carros tinham todos aspecto de velhos  e pequeninos. As casas, um ar empobrecido e deslavadas sem jardins e com  quintais feios. As vacas da terra passeavam-se com seus donos pelos caminhos e estrada, deixando o odor a bosta um pouco por todo o lado. Quase todos os habitantes da aldeia tinham gado e dedicavam-se à agricultura de subsistência. As compras faziam-se na "venda", pequeno estabelecimento com balcão, onde se pedia o que se queria levar. O melhor supermercado era em Viana, na cidade, mas nem esse convencia. Assim que entramos, perguntei atónita: "mãe!, isto é um supermercado?!" habituada que estava às grandes superfícies! A hora da missa também era um momento estranho tirado duma outra dimensão. A igreja era dividida em dois: homens à frente; mulheres atrás. Com o pormenor de não existirem bancos. Era em pé que se ficava durante uma hora. E quando a fadiga aparecia, estendia-se um lenço no chão e sentávamo-nos. As mulheres, sempre de negro, vestiam saias largas e compridas, lenços na cabeça e xailes pelas costas. Os homens não saiam sem a boina. A escola era outro pesadelo. Mesas de madeira velhas, um quadro de lousa minúsculo na parede  em  salas pequenas. Sem  equipamentos, sem material. Frias e descaracterizadas. Muito diferentes das escolas que conhecera, acolhedoras, cheias de tecnologia, equipamentos didácticos, amplas e cheias de luz. E ainda a televisão! Ah! a televisão! A preto e branco. Só com um canal. O canal do Estado! E eu que já sabia que as havia a cores, enormes, com mais canais, mais escolhas  de programas, mais diversidade... Para não falar dos hospitais. Quando fui visitar meu avô no centenário edifício, recordo-me do momento em que, de tão velho que era, ao observar os buracos no chão, tinha medo que ele desabasse...

Aos olhos de quem nunca saiu daqui, Portugal era um país onde se vivia bem depois do 25 abril. Aos olhos de quem vinha doutra civilização, era pobre e atrasado. Daí a curiosidade dos meninos da escola pelas minhas histórias, em saber como era o mundo lá fora... E o espanto de não saberem sequer do que falava quando dizia que fazia compras em lugares tão grandes que cabia tudo lá dentro como se fosse uma cidade dentro de outra cidade... O mesmo acontecia quando descrevia as escolas por onde tinha andado... Do hospital onde tinha sido operada às amígdalas cujo quarto parecia de hotel...

A verdade é que, foi só depois de Mário Soares assinar a nossa integração na CEE, agora UE, que Portugal em quase 30 anos, mudou radicalmente. Passou a ser dos melhores em vias de comunicação; a ter escolas amplas tecnologicamente bem equipadas; hospitais com tecnologias de ponta; serviços públicos com muita qualidade. Devemos o que somos a esse tratado, a essa integração e digam lá o que disserem, foi das melhores coisas que podiam acontecer a um país periférico e sem recursos próprios, para alcançar tamanho desenvolvimento que nos pôs ao nível europeu.

Se hoje, apesar desta integração, não estamos bem, não se deve de todo a UE. Deve-se a "nós" (país) que não soube gerir os benefícios dessa integração e embriagado com os imensos subsídios e programas de desenvolvimento, esbanjou, esbanjou, esbanjou achando que era fonte inesgotável. Desde governos de todas as cores políticas, ministros, presidentes de junta, empresários, banqueiros, até ao nosso vizinho do lado, muitos foram os que deitaram mão a dinheiro destinado ao desenvolvimento, em uso próprio para compras de casa, de carro, de luxos... ou obras fúteis. Quantos de nós não conhece alguém que pediu subsídios a fundo perdido da UE para formação e nunca formou ninguém... Para estufas para produção agrícola e nunca plantou sequer 1 erva... Para a montagem de empresas... fantasma. 

Entrar na bancarrota e culpar os outros por isso, é um problema muito nosso. É cultural. A negação é a defesa de quem não consegue humildade suficiente para reconhecer os erros para poder corrigi-los. Porque se tivéssemos sido bons alunos, teríamos desenvolvimento e contas em ordem. E mesmo com colapso financeiro mundial, teríamos resistido, sem muita mossa, porque nossos cofres do Tesouro teriam fundos para suprir essa dificuldade. Como não foi o caso, e já estávamos tecnicamente falidos antes da recessão mundial, a bancarrota foi o que nos esperou.

Sou pró europa, sem sombra de dúvida! Porque com meus olhos vi a transformação gigantesca de evolução do nosso país. Há muito ainda por fazer. Há muito ainda para conquistar. Mas dentro da comunidade temos um suporte maior que bem aproveitado pode levar-nos ao nível dos melhores. Sozinhos é regredir. É isolamento. Sobrevivência. É passar de cavalo para burro, num piscar de olhos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

MINHA FILHA TAMBÉM EMIGROU



Não vou dizer que não assusta ver partir um filho para o estrangeiro. Nem sequer argumento sobre a saudade e a dor imensa que se sente na hora da partida. Mas os filhos não são nossos, são do Mundo. E vê-los partir um dia, voando pelas suas próprias asas, não é um pesadelo. É a concretização do sonho de qualquer mãe!

Que diferença faz, partirem de casa para trabalhar na capital ou para trabalharem em Londres? A distância. Essa distância que não passa de uma distância fictícia quando um avião permite ter nossos filhos ao pé de nós em duas horas. Quando muitos filhos, mesmo a morarem na cidade ao lado, passam meses senão anos sem visitar os pais. A distância é um problema que não existe onde existe amor. Porque os filhos onde quer que estejam a seguir suas vidas, não estão limitados pela distância mas sim pelo tempo e vontade. Tempo para poder estar com quem amam e vontade de o fazer. E quando assim o é, Londres, Paris ou Nova York é já ali...

Vi certo dia uma mãe a descabelar-se toda, como se a saída dos nossos filhos do país fosse uma tragédia. Como se, mesmo com um país próspero e sem crise, aqueles que não se conformam com migalhas salariais, não fossem sair. Nosso país tem uma cultura empresarial que nunca vai permitir salários e condições de trabalho equivalentes aos que se praticam lá fora. Não é uma questão económica. É cultural. Nossos empresários levarão ainda muitas décadas, sem crise, para deixarem de ser patrões e passarem a ser líderes. E pessoas inteligentes, corajosas,  apostam sempre mais alto e não têm medo de desafios para alcançar o que aqui, se torna difícil ou mais moroso. 

Meu pai, com 16 anos saiu da terra dele e procurou outros horizontes. O país não estava em guerra mas vivia estagnado pela ditadura. Podia ter ficado como tantos colegas que por cá ficaram. Mas quis ir mais longe. Quis alcançar outro nível de vida. E quando voltou, encontrou esses mesmos colegas, do mesmo jeito que os deixou: a viverem da agricultura e com casinhas modestas. A diferença entre ficar e ir, prende-se sobretudo entre alcançar objectivos mais depressa ou não sair da mediania... do viver à tangente. Para quem sonha do tamanho do Mundo, a primeira é sempre a hipótese mais apetecível. 

Porque criei meus filhos  livres para abraçar o Mundo, vê-los partir e concretizar sonhos de vida, é o maior dos orgulhos. E pouco me importa se o sítio onde vivem não se chama Portugal. O que me importa é que sejam felizes,  realizados e bem sucedidos em qualquer parte. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

CARTA À MINHA PIOR AMIGA QUE EU AMO



Sei que por esta altura, pensas que eu te odeio pelo que me fizeste. Sei que no fundo da tua alma, tu sabes,  que ódio é o mínimo que se pode sentir por uma criatura como tu. Porque tu sabes, que nunca perdoarias a alguém tamanho atrevimento. Mas quero que tu saibas que eu não te odeio. Amo-te! 

Sim! Amo-te muito por tudo o que me fizeste! Pela aprendizagem fabulosa sobre perversidade humana que me fez apurar o faro e detectar a anos luz, o cheiro podre de gente sem carácter. Amo-te pela  distância compulsiva que provocaste e que me protege da tua manipulação vil e insana. Amo-te ainda mais, pela máscara que deixaste cair e pôs a nu essa alma horrenda recalcada e mal resolvida. Amo-te pela pessoa que fizeste de mim com teu aprendizado.  Amo-te, porque daqui em diante, serás o meu "mestrado" de vida e com ele ensinarei, com teu exemplo sempre na ponta da língua,  a sociedade a proteger-se de gente como tu. 

Mas vou amar ainda muito mais, o dia em que tu, vais voltar à insignificância que eras antes de me sacanear. Voltares àquela vidinha de pobre coitada a viver de míseros biscates e trambiqueirices,  que juntavas a umas horitas de ensino em centros de estudo, onde tu não entregavas o certificado de habilitações, porque, na verdade, não o tinhas. Chegaste às minhas mãos desempregada e cheia de dívidas. Vou amar retribuir-te todo o meu amor, devolvendo-te essa vida que deixaste de ter, depois de me usurpar, mas com bónus de muitas mais dívidas para dares conta... 

Porque amor, com muito amor se paga, e sinto que estou em dívida contigo. Tenho o dever de te devolver em dobro tudo o que me deste. E acredita, sei ser muito generosa... E assim, vou amar cobrir-te de  sentenças judiciais com coimas generosas, de indemnizações correspondentes ao tamanho do meu sentimento por ti. 

E no fim, tenho a certeza que tu também vais me amar muito, porque te vou resgatar de ti mesma, e jamais terás vontade e possibilidade de prejudicar mais alguém na tua triste vida. 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

AFINAL QUEM GANHOU AS ELEIÇÕES?



Quando me fui deitar no domingo à noite, não tinha qualquer dúvida de quem tinha ganho as eleições. Sem maioria, mas ganho. Agora estou perplexa. As  declarações de alguns lideres políticos deixam-me incrédula. Afinal numa competição não ganha quem, nem que seja por um voto, vai à frente. Ganha quem tiver uma maioria. Porque se juntarmos os adversários dá mais votos à "esquerda"! Assim entende-se  que,  um  atleta não ganha por milésimos de segundos. Ganha se a vantagem for superior ao total dos seus concorrentes! É isto que alguns andam a dizer!

Podemos não estar todos de acordo com a escolha. Podemos até achar injusta esta decisão. Mas foi o povo que elegeu. E o povo é soberano. Por sufrágio universal decidiu o seu destino e não me lembro de ver nas urnas um grupo radical da direita, de armas na mão, a coagir pessoas a votarem neles! Foram escolhidos em eleições livres e pacíficas. E por muito que doa ouvir, traduzem a vontade de 38% da população votante.

Nesta amazónia de incongruências surgem os líderes do Bloco e CDU, apelando à convergência dos partidos de "esquerda" como quem vende detergentes três em um, garantindo eficácia, mesmo que as linhas mestras de cada ideologia política sejam completamente opostas e ponham em causa a governabilidade do país! Catarina Martins que até tinha feito uma campanha coerente, desaba assim num segundo, para um discurso ditador. Uma ditadura de uma suposta "esquerda" que, por não aceitar um resultado óbvio, tenta contorná-lo corrompendo a vontade dos eleitores.

Não se fazem bons casamentos sem ideais convergentes. E tentar seduzir o PS a coligar com eles é como fazer um casamento de conveniência onde nenhum dos noivos se conhece nem fala a mesma língua, mas fazem-no para obter residência. Ao que parece,  pouco  interessa se a única coisa em que estão de acordo é serem  contra a austeridade. O que importa é unirem-se para impedir que os outros da direita governem. Se depois vão andar às turras todos os dias para implementar uma medida que agrade a todos da "esquerda", isso agora não interessa para nada. Ganhar o poder, mesmo que de forma "ilegítima" é o objectivo. Mesmo traindo a verdadeira vontade de um povo.

Estava longe de imaginar que partidos que enchem discursos sobre democracia e liberdade sejam protagonistas de tamanho atentado. E lembrei-me de repente duma militante ferrenha do Bloco que supostamente era muito  minha amiga. A quem dei emprego depois de criar um projecto conjunto. E que, pensava eu, era defensora de valores baseados em direitos iguais, como eu. Da noite para o dia, assim que viu que o negócio que criei já era próspero, alegando ser ela quem lá estava das 8h às 20h, usurpou-me o negócio. Coincidência? Talvez. Mas o certo é que Catarina, tal como minha amiga, assim que soube que o Bloco tinha passado a terceira força política, apoderou-se dos resultados eleitorais reivindicando-os como se fossem vitória dela! Acontece que tal como minha amiga, esqueceu-se que não tem legitimidade para o fazer. Que socialismo e comunismo não se fundem porque não defendem os mesmos princípios ideológicos. E que por muito que se esforce em demonstrar seu poder, 10% dos votos não fazem dela um poder absoluto que lhe permita passar uma borracha nos resultados eleitorais. Tal como dizia Abraam Lincoln " Se quiser por à prova o carácter de um homem, dê-lhe poder".

A haver coligações de esquerda com comunistas, teriam que ser feitas antes das eleições. E assim, de forma clara, apresentavam suas candidaturas e programas em conjunto. Tudo de forma transparente. Feito à posteriori é trair quem votou. Porque nestas eleições, quem votou PS, queria os socialistas no governo. Quem votou CDU e Bloco, queria os comunistas. Quem votou sabia claramente o que queria. Ao juntá-los agora sem ser por vontade explícita de um povo, é fazer política corrupta com os resultados eleitorais.

E assim, com esta presunção de direito ao poder, a esquerda de Catarina e do Jerónimo deu um tiro nos pés e outro na democracia.  








sexta-feira, 25 de setembro de 2015

SOU OSSO DURO DE ROER



Há quem tente, mais que uma vez, roer-me até ao tutano. Há quem pense que pelo ar frágil que me caracteriza, sou maleável. Há quem ouse aproximar-se de mim certos que vão levar a melhor. Que vão sugar tudo o que precisam e descartar-me logo de seguida como uma fralda suja. Há quem pense... mas desses que pensam, tenho um segredo a confessar-vos: sou osso duro de roer.

Enquanto lambem o osso, estou de olho em vós. Deixo que me lambuzem, me mordisquem enquanto acredito que sois tal e qual aquilo que mostraram ser, quando vos estendi a minha mão, vos dei o meu abraço, ou colei meus lábios aos vossos. Sou vulcão que dorme na serra. Que enquanto ele repousa, verdejante é a natureza que o rodeia; quando o acordam, é o cheiro a terra queimada que transforma em pedra preta tudo o que toca. Sou força da natureza que nada derruba, nada intimida. Onde o mal jamais vence. Onde o mal jamais sai sem retorno.

Por isso, quando vieres na minha direcção de mansinho, com teu sorriso de cobra à espera de momento ideal para me abocanhares, lembra-te que sou Atena e não há guerra que me meta medo; justiça que fique por fazer; e que a sabedoria mora em mim para te fazer regressar ao submundo dos seres miseráveis como tu.

Lembra-te, sou osso duro de roer...

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

QUEM TE CRITICA QUER SER COMO TU




Há pessoas que não perdem uma oportunidade para a crítica. Sempre atentas a todos que as rodeiam, escrutinam diariamente todos os destaques mais ou menos sonantes, sobre as pessoas que circulam à sua volta. Uma arte levada a cabo com astúcia digna de um "pro", da qual se orgulham por achar trata-se de um dever cívico útil à sociedade. Esforçam-se tanto e tanto que por vezes tornam-se experts em assuntos alheios.

Aprende que "quem desdenha quer comprar". Que quem aponta defeito ao outro, quer ser como ele. Que quem fala muito de ti demonstra apenas o quanto lhe ocupas a mente. E se lhe ocupas o pensamento, é porque não lhe és indiferente. Aprende que se és muito criticado, és muito cobiçado. Que ninguém se preocupa ou se interessa por gente que não lhe diz nada. 

Pensa nisso todos os dias. Porque verás que afinal tu não tens inimigos. Tens fãs dissimulados sem coragem para o assumir. Tens pessoas que se sentem superadas pelo que és e temem que as ofusques. Querem apagar tua chama para que notem a dela. Querem ser como tu mas sabem que nunca lá  vão chegar. 

Por isso, ao invés de te sentires infeliz por seres criticada, invaidece-te! Põe o teu melhor sorriso, levanta a cabeça e desfila. 

Porque quanto mais grandioso é o ser, mais críticas ele recebe.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

QUEM QUER SER FELIZ TEM DE APRENDER A MARIMBAR-SE

Há um "verbo" que tem de urgentemente de aprender a conjugar todos os dias se quiser definitivamente ser feliz. O verbo "marimbar"! E depois faça obscenamente uso dele. Torne-o viral no seu mundo. E transforme sua vida num marimbar constante de tudo e de todos. Marimbe-se do que pensam de si. Marimbe-se daquilo que os outros acham que está certo ou errado! Marimbe-se para o politicamente correcto ou socialmente incorreto! Marimbe-se para a loiça que ficou por lavar, a roupa por passar! Marimbe-se muito até à exaustão e veja como tudo melhora à sua volta.

Porque quem se marimba muito, assusta e desmotiva os que nos procuram só para destabilizar. Os que não poupam uma oportunidade para nos diminuir, fazendo-nos sentir frágeis e impotentes. Aqueles que se divertem a puxarem-nos para trás ,com suas palavras mansas, falsamente amigas, só para não conseguirmos ser melhores que eles. 

Porque quem se marimba demonstra segurança. Transpira amor próprio. É bulldozer a trilhar a vida. E só pára quando já não há mais mato para desbravar! 

E com tamanho antídoto contra hipócritas, inesperadamente verá sua vida florescer, ganhar cor, ofuscar de brilho. E a felicidade, essa tão matreira criatura, sairá ao seu encontro quando menos esperar. 

E seja muito feliz... Marimbando-se!

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

OLHO QUE NÃO VÊ, CORAÇÃO NÃO SENTE




É brutal, eu sei. Imagens que nos arrepiam só de ver. Que nos emocionam e nos fazem virar a cara de horror. Mas é preciso ver. É preciso saber. Porque olho que não vê, coração não sente. E a missão da humanidade não é viver em redomas. Fingir que nada de mau se passa à nossa volta preocupados só com os nossos umbigos. Porque hoje são eles, amanhã quiçá, seremos nós.

Não deve haver horror maior do que ter de fugir de uma guerra. De uma estúpida guerra estupidamente feita por homens estúpidos. Não deve haver pior drama do que ser filhos de ninguém, que ninguém quer só porque fogem da morte. Não deve haver pior pesadelo que saber que não há escolhas: é fugir ou morrer. E ainda há quem hesite em ajudar. Quem critique os que o fazem...

Felizmente nós por cá temos vindo a ser poupados destas tragédias. Somos abençoados por ainda não saber o que isto é. Mas será sempre assim? Que certezas temos nós que um dia, por razões tão estúpidas quanto esta, ou por uma desgraça climática, não vemos o nosso mundo às avessas obrigando-nos nós também a pedir ajuda aos países vizinhos? 

Porque a desgraça não escolhe povos ou lugares, ser solidário é um dever. A Humanidade que chegou à lua, que gastou milhões numa estação espacial; que gasta milhões em armamento de defesa; que gasta milhões em contratações de jogadores de futebol, não tem legitimidade para dizer que não pode gastar milhões na ajuda humanitária, a qualquer povo que dela precise. É uma questão de prioridades e de vontades. Mais nada. E o Vaticano que me perdoe, mas com tantos milhões também, estava mais do que na hora de dar o exemplo de altruísmo a sério e pôr esse dinheiro e templos, à disposição dessas causas. É que a palavra de Deus por si só não resolve o problema de ninguém. E quem propaga a palavra tem obrigação de ser o primeiro a dar o exemplo.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

AFASTE-SE DE QUEM LHE FAZ MAL




A vida é curta, demasiado curta para nos aborrecermos com gente que não interessa. Com gente que mais subtrai do que acrescenta. Com gente que suga toda a energia dos outros como sanguessugas esfomeadas. Gente que só traz consigo lamentações e críticas. Gente que nunca está satisfeita com nada porque tudo, nunca chega para tamanho ego frustrado.

Fuja. Fuja a sete pés. Afaste-se daqueles que fazem de si sua bengala. Se acoplam pousando seu fardo em cima de seus ombros, para que o carregue. Que transformam sua vida em dias de chuva cinzentos. Fuja. Porque você não é camião de mercadorias para transportar fardos dos outros; não é psicanalista para estar presa durante horas a ouvir lamentações; não é director da CARAS para estar a documentar-se sobre os que outros fazem ou deixam por fazer. 

Porque se quer ser feliz tem de se rodear apenas do que lhe faz bem. Daqueles que olham a vida do mesmo jeito. Que lhe transmitem energia positiva. Que valorizam as pequenas coisas. Que nunca complicam, nunca lamentam. Pelo contrário, agradecem todos os dias tudo o que os rodeia. 

A vida por si só já é fardo. E todos já carregamos o nosso. Manter relacionamentos com gente tóxica, apenas serve para contaminar o nosso espaço. Por isso, faça uma limpeza nas amizades. Afaste-se sorrateiramente dumas, bloqueie radicalmente outras, mas retire, como quem retira pedras, do seu percurso, e verá como os dias seguintes serão bem mais bonitos... E leves.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

AZAR NÃO É KARMA



Por vezes não sei se choro ou se rio quando certas criaturas se rejubilizam com o azar dos outros, chamando-o ignorantemente de karma. Estas pessoas de alma obscura parecem estar escondidas, acompanhando cada passo dos outros, espreitando cada movimento, à espera da tão desejada queda! Depois, ligam o megafone, e pelas ruas, soltam a voz para aclamar as desgraças alheias, convictos de que se trata de um retorno pela ousadia de alguns em po-los no lugar dizendo simplesmente as verdades que eles não querem ouvir. Depois é vê-los vitoriosos a esfregarem as mãos de contentes só por verem o outro a tropeçar na vida.

Acontece que azar não é karma. Que todos nós, comuns mortais estamos sujeitos ao azar e que não depende da vida que levamos mas sim da sorte que nos calha. Dizer-se que alguém foi castigado assim que descobriu doença oncológica, perdeu um ente querido, foi despedido ou perdeu um negócio, é de tamanha imbecilidade que nem merece comentários, apenas desprezo. O azar é aquilo que nos vem bater à porta mesmo que tenhamos tido uma vida correta e decente. Karma é o retorno daquilo que fazemos ou dizemos a alguém. É a consequência dos actos e palavras dirigidas que, se forem cruéis, mais cedo ou mais tarde retornam, seja pela mesma via, seja por outros. Mas retorna. 

O karma é sempre resultado daquilo que fazemos aos outros e não vem em forma de tragédia. Vem em estado de ensinamento, de lição de vida, de aviso que claramente se distingue do tão malfadado azar.

Tenho na minha vida almas vis que se contorcem de tanto que querem a minha desgraça. Que me acompanham desde que existo e se esforçam por provocar a minha queda. A ponto de atribuírem à doença do meu pai e posterior perda do meu negócio ao karma por ter ousado pronunciar-me sobre eles ao fim de 35 anos de silêncio. Sobre isso nem sequer me manifesto. Perdôo-lhes a ignorância de serem pobres de espírito ao ponto de não perceberem que se eu fosse igual, estaria agora a vangloriar-me com as desgraças que não param de cair em cima deles mesmos. 

Mas a natureza foi demasiado generosa comigo em bom senso e inteligência para saber que azar não é karma.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

AMOR FIRME

Não há drogas leves nem pesadas. O que há são classificações atribuídas a essas substâncias que as tornam legais ou ilícitas. Porque drogas são sempre drogas, sejam vendidas nas farmácias ou na rua. E começa aqui o primeiro grande obstáculo ao reconhecimento deste problema: a negação. Porque nos é dito que é medicamento. Porque nos é dito que haxixe é droga leve, queremos acreditar que não há problema. Que é apenas uma questão de tabus levantados por uma sociedade retrógrada. Para percebermos mais tarde que afinal, droga é sempre droga. É adicção. É dependência. É a morte premeditada. É o princípio do fim da nossa liberdade. Depois pensamos que estas coisas só acontecem aos outros. Que é preciso "nascer-se" predisposto. Que é preciso pertencer a um grupo marginal. Que é preciso estar mergulhado numa depressão, para que a droga entre nas nossas vidas. Até que um dia descobrimos que não é assim...

Naquela madrugada estava decidida acabar com tudo. Estava farta daquele temperamento inconstante. Daquelas ausências sem explicação. E no momento em que me preparava para lhe dar a notícia, eis que ele me surpreende com a revelação fatal: era adicto a drogas. De repente o meu chão sumiu. Paralisada na penumbra da cozinha, ouvia silenciosamente aquele relato emocionado de quem pedia ajuda desesperada. Ninguém jamais está preparado. Nem uma bomba conseguiria tamanho estrago de alma. A devastação da notícia consumiu-me. E agora? 

Teria sido mais fácil deixá-lo logo ali. Virar costas e seguir minha vida. O problema é o amor. Quando se ama alguém profundamente, virar costas é a última coisa que se quer. Porém, estava longe de imaginar que, ao aceitar ajudá-lo, estava a abraçar o maior e mais doloroso desafio da minha vida. E foi. Foi a experiência mais traumática, mais dura, mais violenta que vivi. O pior foi pensar que conseguiria dar conta de tudo sozinha. Até vir o colapso final demonstrando que estas batalhas não se travam sem ajudas de todos. 

Foi  preciso muito amor firme para dar conta deste nefasto mal. Amor carregado de corajosos "nãos" e ultimatos sem saber que reacções viriam depois. Amor feito de muita lágrima e revolta sem desistir. Amor de raiva sem perder o rumo, sem deixar de segurar a mão de quem caminha lentamente para a morte. Amor que semeia esperança naquele que já a perdeu e se recusa a viver. Amor firme de quem ama incondicionalmente e quer resgatar quem já se foi, trazer à tona quem mergulhou fundo e tarda a vir à superfície.

Aprendi na carne que drogas, não importa a classificação que se queira dar são sempre nefastas. Que destroem cerebralmente quem as toma e que, mesmo o negando, criam adição. Que é fácil partir da mais "leve" para a mais dura. E que basta tocar numa delas para já não conseguir viver sem ela. Que a única forma de se manter imune, é nunca tocar em nenhuma delas por muito inofensiva que pareça. Todos entram quando querem, mas só saem quando podem.

Mais do que tudo, só o amor firme da família, de amigos ou companheiros de vida resgatam esses seres do abismo.





sexta-feira, 7 de agosto de 2015

NOSSO AMOR É BRANCO






O nosso amor é branco cor de luz,
Uma tela gigante onde pintamos o desejo,
E o ardor da paixão com nossos corpos.
São raios de cores intensas,
Pinceladas  de suspiros,
Beijos ofegantes e pele molhada.
O nosso amor é branco,
Branco fogo, branco paixão,
Clarão fulguroso arrebatadora explosão.
É apego, é emoção,
É oceano de prazer,
Tempestades de sedução.
Um universo só nosso
Pintado de branco feito de luz,
Que nos queima sem dor,
Só paixão.
Branco que ofusca, branco que cega,
Branco que te embriaga em mim,
E eu em ti,
De amor em fusão.



SEM MANUAL DE INSTRUÇÕES







Seria tudo mais fácil se tal como os eletrodomésticos, as coisas da vida viessem acompanhadas de manual de instruções. Não perderiamos tempo a procura de saber como fazer dando cabeçadas valentes a cada erro. Não nos sentiriamos tontos à deriva porque na mínima dúvida, lá estariamos nós a consultar o livrinho. Como assim não é, temos de caminhar às cegas confiando na nossa intuição que mais vezes falha do que acerta. 

Não nascemos preparados. As lições aprendem-se com as experiências a troco de muita dureza e sofrimento. Aqui a teoria vem depois, deixando-nos por vezes  completamente escangalhados, para mais tarde, apanharmos as peças espalhadas pelo chão... E no dia seguinte, lá vamos nós para mais uma experiência de luzes apagadas.

Depois vem as pessoas que não nos entendem. Que não nos conseguem descodificar. Para quem temos de repetir incessantemente o que somos, de que gostamos, o que nos irrita, o que nos faz feliz. Repetir, repetir até à exaustão! Era tão mais fácil dizer: "vai ao capítulo 5 e procura na página 12 sobre como me agradar... E pronto. Punham as leituras em dia e nós não precisaríamos de mais nada senão esperar que nos encham de tudo o que nos faz bem.

Mas a vida vem sem manual de instruções. E vivê-la é a aventura mais radical que se pode ter.








O VALOR DO TEMPO




É à medida que envelhecemos que começamos a compreender o valor do tempo. O tempo que aos 14 anos não havia maneira de passar mas que aos 50 voa sem parar. Num minuto estamos no verão noutro já é Natal... Corremos sem abrandar, ultrapassados mesmo assim pelo tempo, que depois de passado, já não alcançamos mais. Começamos a perder pelo caminho pessoas. Pessoas que supostamente tinham uma vida pela frente. Uma vida que afinal não passaram de alguns anos estupidamente interrompidos. E é quando levamos a primeira sacudidela bem forte... De repente, relativizamos tudo. Pomos os freios a fundo e pensamos: "Já vivi meia centena de anos e ainda não fiz quase nada... Tanto ainda por viver e concretizar... E se amanhã já é tarde?"  

Começo a pensar que se calhar já não tenho tanto tempo assim. Que agora as distracções podem fazer-me perder mais do meu tempo, que se esgota a cada minuto, sem volta. Que o tempo é tão precioso que é preciso agarra-lo e transforma-lo em qualquer coisa que valha a pena um dia lembrar. Um beijo por dar... Sentimentos por demonstrar... Conversas adiadas... Projectos por nascer... Fazer hoje e nunca amanhã.

Porque o tempo, não tarda nada, já era... 




quinta-feira, 6 de agosto de 2015

ANJOS NA TERRA





Há anjos na terra. Não têm asas. Não vestem de branco. Não são invisíveis. São almas magníficas vestidas de gente que vagueiam no meio de nós atentos ao sofrimento. Sedentos de amparar. Fecundos de afectos e amor para partilhar. São gente que não se vê nem se sente até ao momento em que, perdidos na vida, sentimos sua mão firme a trazer-nos de novo à superfície.

A vida trouxe-me muitos infortúnios. Desviei muita pedra do meu caminho. Fui joguete em mãos maquiavélicas. Mas ao mesmo tempo que me afogava em dor, inundava-me depois de luz divina emanada por estas criaturas celestes. Fui abençoada com anjos depositados a cada esquina que me seguram e abraçam sempre que alguém me empurra. Andam aí, sempre ao meu lado, atentos a tudo que me rodeia. Inquietos com o meu sofrer. Radiantes com cada vitória. São meu suporte de vida. Minhas pedras angulares. Têm rosto e nome mas caminham no silêncio escondidos dos olhares. Porque o altruísmo pratica-se sem destaques, sem glórias, só por amor.

A eles devo tudo o que sou. Porque só sou o que sou graças a essas mãos firmes cheias de graça quase divina, que iluminaram os caminhos que pisei. A eles devo a vida que por eles a daria sem hesitar como prova de gratidão por fazerem parte de mim. A eles tudo devo, porque sem eles, eu não seria assim...

A todos os meus anjos da Terra que eu amo.








sexta-feira, 24 de julho de 2015

OS ESTEREÓTIPOS SOCIAIS


Há dias que me ponho a pensar quem foram os iluminados que criaram estereótipos que definem quem é bonito, quem é magro, quem é bem sucedido. Que tabelas são essas segundo as quais somos classificados à luz de uma escala que faz de barómetro para sabermos em que posição do ranking nos encontramos? 

Gostava que esses mesmos ilustres, me explicassem como se define uma pessoa bonita? Com que base alguém pode dizer que esta é "mais" e aquela é "menos"? Se a beleza depende de quem a vê. Se é intrínseca. Se abrange valores e gostos pessoais, logo, não é de todo possível classificá-la. Há beleza em todos nós. Belezas todas diferentes que irradiam de forma singular. Uns, emanam-na logo no primeiro contacto visual. Outros dali uns minutos. Outros dali umas horas ou meses. Mas beleza existe em todo o ser. Nuns, surgirá de imediato assim que são abordados. Noutros, ficará guardado à espera do momento ideal para sair. Porque a beleza genuína é aquela que vive dentro de nós  e não o que fazemos transparecer. 

Depois vem outra classificação genial com base nos quilos. Se tem mais de 50 kg é gordo. Se é gordo, é feio. Se é feio, não está na moda porque a moda fez-se para gente bonita e... magra! Então passamos a viver obcecados com dietas  convictos que nos vamos tornar mais belos. Para descobrir mais tarde, que afinal, o esforço de nada valeu. Que aquela pessoa que tanto queríamos, continua sem "nos ver" e até arranjou entretanto uma namorada "pouco jeitosa"... 

Mas há outro estereótipo ainda pior que estes todos e me tiram do sério: os bem sucedidos! Fiquei a saber que segundo as leis da sociedade moderna, ser bem sucedido na vida implica conduzir um carro topo de gama que estacionamos numa bela e grande moradia. Um tablet debaixo do braço. Um telemóvel android que levamos para todo o lado. Um salário acima da média e roupas a condizer... E pronto! Quem tem, venceu na vida, quem não tem, fracassou. Por isso, vivemos todos em correria frenética, ávidos de conquistar rapidamente todas estas etapas, para que sejamos incluídos na tabela! E então vemos alguns a endividarem-se furiosamente para mostrar ao Mundo que lá chegaram sem pensar se vão poder ou não manter as aparências por muito tempo. Como se o sucesso de alguém se resumisse a tão pouco... As pessoas bem sucedidas são aquelas que dão o seu melhor em tudo o que fazem deixando seu legado falar por eles. Podem ser simples padeiros a cientistas. Mães desempregadas a artistas de cinema. Todos podemos ser bons sem precisar de tabelas para o definir.

Vivi toda a minha vida a fugir dos estereótipos. Detesto rótulos e por isso quebro-os a toda a hora. Aprendi que na realidade  o que importa é vivermos bem com aquilo que somos e marimbar-mo-nos para o que dizem. Porque na verdade não há pessoas feias e fracassadas. Há apenas pessoas... com trajectórias diferentes... ambições diferentes. 



sexta-feira, 17 de julho de 2015

NÃO MUDE POR NINGUÉM







Não mude por ninguém. Mesmo que lhe digam que fica melhor com o cabelo loiro. Mesmo que lhe digam que é demasiado velho para praticar aquele desporto. Que já não é um jovem para usar aquela roupa. Mesmo que lhe digam que é absurdo seguir aquele sonho de menino. Mesmo que tentem anular seus pensamentos, suas opiniões. Não mude por ninguém.

Porque quem entra na sua vida vem para amá-lo do jeito que é e não como o idealizam. Vem para lhe acrescentar e nunca subtrair. Vem para em conjunto completar e não fotocopiar. Vem simplesmente para o amar. E amar é gostar de tudo sem sequer querer  mudar os defeitos. 

Nascemos originais e não cópias, em busca duma identidade. Logo não podemos permitir que nos roubem o nosso "eu" e o transformem noutra coisa qualquer. Porque nada do que façamos para mudar e agradar mais aos outros, vai fazer com que eles permaneçam nas nossas vidas. O mais certo será depois de uma anulação completa da nossa essência, partirem na mesma, deixando-nos perplexos e perdidos sem sabermos quem somos.

Seja o seu reflexo sempre que se olhar e ame-se tanto ao ponto de nunca querer mudar. Seja genuíno. Seja único.

Porque a era dos clones ainda não chegou...

EM TUA MEMÓRIA







Sei das tuas lágrimas reprimidas que te queimavam o rosto enquanto caiam. Lágrimas de dor, lágrimas de raiva contidas, carregadas de temor. Lágrimas que mesmo depois de surpreendida pelos filhos teimavas em negar. Das palavras de desprezo que te rasgavam a alma e te feriam no mais profundo do teu ser. Palavras gritadas com desdém, carregadas de ódio,  apenas por não quereres comer.

Sei das humilhações que te infligiram. Daqueles 5 quilómetros percorridos, a pé, que te obrigaram a fazer,  para pedir perdão aos país dele só porque ousaste mandar fazer o vestidinho de batismo do teu primeiro rebento. Das vendas escondidas de ovos e milho só para teres alguns míseros cêntimos, porque até dinheiro para roupa interior te negavam. Dinheiro que afinal era teu e que por casamento, ele se apoderara... Dos gritos de desespero escritos em cartas. Dos desabafos de agonia denunciando a sua alma vil, que fazias chegar a medo, às mãos das tuas filhas. Cartas que a vizinha entregava por ti, às escondidas, não fosse ele saber... E sabe-se lá o que fazer... Das traições que fingias desconhecer...

Sei da vida escrava de trabalho duro, frente aos bois que ele te impunha. Das forças físicas que te faltavam e tu caias. Pouco lhe importava a tua natureza frágil, o teu corpo agastado. Saia juntar-se aos amigos enquanto  o trabalho, por ti sozinha, se fazia. Daquele dia que quase morrias, quando ele te enviou aquela maldita carta, infestada de crueldade. Deixaste de falar. Deixaste de comer. Deixaste de ser. Do dia que deste à luz sozinha porque ele não se coibiu dum passeio a Fátima a poucos dias de seres mãe... Porque para ele ser mãe não era mais do que parir...

Sei porque também eu, senti, sofri e agonizei nas mãos de alguém assim. Chorei a mesma dor. Morri todos os dias ao ouvir as mesmas palavras. Sei porque também o vivi.

Mas em tua memória não deixarei que jamais sejas esquecida.

Farei de ti minha heroína. Minha inspiração para a vida.


terça-feira, 14 de julho de 2015

ONDE A IGNORÂNCIA FALA, A INTELIGÊNCIA SILENCIA




Muitas vezes damos por nós a querer explicar mal entendidos. A procurar pessoas que já não vemos há muito tempo para dissolver intrigas, para esclarecer pontos de vista. Achamos que, se calhar tivemos culpa naquele afastamento por não termos dito logo o que sentíamos. E então, lá vem o dia em que saímos do nosso casulo e vamos ao encontro dessa gente convictos que uma boa dose de conversa com um "desculpa" aqui, outro, "não foi minha intenção magoar-te", que acabaremos por fumar o cachimbo da paz. E na verdade, até seria, não fosse a ignorância minar tão nobre iniciativa...

O problema é que muitas vezes, quem está do outro lado, não está aí para ouvir senão ele próprio. Aí, carrega as munições, e dispara os projecteis linguisticos de mau gosto, sobrepondo-se a torto e a direito, não aceitando um único ponto de vista distinto do seu. Vendo que continuamos a argumentar fundamentando muito bem as ocorrências, eis que soltam a última e derradeira munição de ataque: o insulto! 

Aprenda que, onde a ignorância fala, a inteligência silencia. Que há gente que não está aí para o ouvir a menos que seja para lhes dar toda a razão, abanando a cabeça como um cão de loiça, a cada pensamento proferido. Não aceitam outra opinião que não seja a sua e reagem sempre mal quando não dominam a conversa. A culpa não é sua. Está apenas na presença de alguém com pobreza  de espírito, que devido a uma deformação educativa, não aprendeu a ser tolerante, muito menos a ouvir e respeitar o outro.

Por isso, faça como eu. Se tropeçar em alguém assim, silêncie, vire costas e siga em frente.

sábado, 11 de julho de 2015

MULHER CORAGEM




Às vezes questiono-me seriamente sobre o conteúdo cerebral de algumas espécies humanóides que circulam entre nós. Terão sido à nascença vítimas de tráfico de órgãos e consequentemente terem-lhes subtraído o tão precioso cérebro? Ou terá sido a falta de uso do mesmo a provocar uma espécie de solidificação interna a semelhança de um pedregulho? 

É que andam por aí umas criaturas a politizar uma aparição pública de uma senhora, que por acaso, mas só por acaso, é esposa de um primeiro ministro. Uma senhora que só por acaso, contraiu uma doença grave. E também só por acaso, tem de se submeter a um tratamentozinho, nada de especial, claro, chamado, quimioterapia. E não é que, segundo eles, ela teve a ousadia de aparecer sem burca, peruca ou lenço, para lavar o povo em lagrimas, comovidos com tamanha tragédia e claro, como o povo na óptica dos mesmos deve ser uma cambada de ignorantes, compensarem o casal com um votozito extra para acalmar a dor!! Como é possível politizar um drama pessoal desta envergadura?!

Estou pasma por um lado, mas não de todo surpreendida. É que há gente, seja cá, seja na Grécia, em todo o mundo, que faz política a mentir, a enganar, a falar mal uns dos outros rebuscando tudo e mais alguma coisa para denegrir. Não acrescentam nada senão comentários infelizes, como este, que lhes revela o verdadeiro íntimo, deitando por terra todos os discursos mais brilhantes, sobre ideologias também elas brilhantes.

Quando vi a foto na imprensa a primeira coisa que me surgiu foi admiração por esta senhora que por acaso, só por acaso, é esposa do primeiro ministro. É preciso ter-se muita coragem e muita fibra para enfrentar o Mundo daquela maneira sem preconceito, com um sorriso sereno, sem deixar transparecer qualquer incomodo sendo ela tão mediática. Que grande senhora! 

O que penso sobre está ousadia? Penso tão somente que  esta atitude transformou-a, isso sim, numa fonte de inspiração para milhões de mulheres espalhadas pelos quatro cantos do planeta, roubadas pelo cancro! 

Uma verdadeira mulher coragem!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

SARA CARBONERO NÃO VIRÁ COM ELE?

Às vezes pergunto-me se as televisões não têm mais nada de edificante para passar em pleno telejornal. Sara Carbonero não quer acompanhar o maridito Casilhas e isso é notícia? Depois seguem-se os comentários um pouco por todo o lado, havendo até, vejam só, quem se indigne por está senhora preferir viver em Espanha! E depois?

Eu sou portuguesa e quando me falam em ir viver para outro país, arrepio-me toda! Não consigo nesta fase da minha vida, imaginar-me sem este cantinho de terra, cheio de sabores e calor da nossa gente; sem o mar e céu azul; sem esta paz e serenidade; sem minhas coisitas que coleccionei ao longo da vida contando histórias de mim...  Teria que se tratar de uma necessidade emergente para me arrancar daqui! Com austeridade ou sem ela, prefiro estar onde me identifico, onde me sinto bem.

 Carbonero não disse que não gostava de Portugal, muito menos do Porto. Disse que não queria cá viver. É diferente. O maridito Casilhas pouco se importará com isso porque bastam uns míseros minutinhos de avião e pode estar com a família sempre que puder. Não se trata, como vi alguém dizer, de lojas chanel, de apartamentos de dois milhões. Trata-se de amor à nação e os espanhóis são eximinos nisso.

Em tempos trabalhei junto a Espanha e depressa percebi que se trata de um povo muito diferente de nós. Os espanhóis amam tudo o que é deles antes de todo o resto. São nacionalistas orgulhosos das suas gentes e cultura. Não trocam o que têm por nada e se queremos entrar no mercado deles, terá sempre de ser com algo que eles não têm, caso contrário, nem sequer lhe pegam. Porquê? Porque por lá defende-se o lema "o que é nosso é bom"! Obviamente que na época isso me irritava porque impedia meus produtos de serem comprados, mas admirava-os secretamente por isso.

O que eles têm a mais, falta-nos a nós como povo. Daí a razão pela qual muitos portugueses não entendem porque Sara Carbonero não virá com ele...





sexta-feira, 3 de julho de 2015

"MENSAGEM ENVIADA"






Foi uma escandaleira e tanto quando se soube que Cristiano Ronaldo tinha acabado uma relação com um simples SMS.  Facto de ser figura pública ainda tornou o caso mais viral. E de facto, bem vistas as coisas, não são maneiras de acabar um relacionamento. Quanto a isto não há dúvida. Mas atribuir-se aos tempos modernos das tecnologias a culpa destes comportamentos é sinal de que, quem o diz, anda por "cá" há pouco tempo. 

Na verdade, a única novidade nesta forma moderna de acabar namoros é o facto de hoje em dia existirem telemóveis. Porque acabar relacionamentos sem dar a cara é coisa tão antiga quanto o Homem. Lembro-me de ser jovem e ser comum acabarem namoros por se deixarem simplesmente de se falar. De outros deixarem de aparecer. De outros resolver tudo em bilhetinhos entregues depois à melhor amiga. Mais tarde, e já adulta, a mesma coisa. Telefone que não é atendido. Uma carta que chega a explicar tudo. Um desaparecimento súbito e inexplicável.

Nada mudou. Nem mesmo as pessoas. Mudaram apenas os meios. Pelo menos alguns deles. Continuamos a viver no meio de gente incapaz de dar a cara pelos problemas. De gente que se esconde na hora de explicar. Ou que prefere não explicar aquilo que de certo não tem explicação nenhuma. É que nunca foi nem será fácil chegar ao pé de alguém e dizer: não gosto mais de ti, estou cansado desta relação ou apetece-me mudar de companheira. Falta a coragem de encarar o outro nos olhos e sentir a decepção ou a raiva. E isso não é o problema de SMS mas sim de formação, educação.

Costuma-se dizer que é nas horas difíceis que se vêem as pessoas. E se quiser saber quem teve ao seu lado, basta analisar a forma como saiu da sua vida. Porque gente de carácter sai com dignidade. E aí talvez deixe de chorar quando perceber que aquilo que perdeu não valia uma única lágrima sua.

O MEU AMOR DE 4 PATAS






Quando chegou à minha vida ela tinha apenas três meses. Com um olho à pirata, orelhas compridas e toda branquinha, era linda de morrer. Disseram-me que ia ser minha e por isso seria eu a dar-lhe um nome. Não foi difícil. Logo ali olhei-a e pela elegância com que se movimentava, pela obediência que já tinha sem lhe ter ainda ensinado a ser "gente" dentro de casa, disse: vais te chamar Lady porque és uma Lady. Ela entendeu e retribui com uma sentida lambidela. Foi há seis anos. Como o tempo passa... Há seis anos que faz parte de nós. Que nos presenteia todos os dias com imensos pulos desajeitados e rabo a chicotear as pernas enquanto nos lambe efusivamente, sempre que nos vê. A mim, é logo pela manhã cedo, na hora do pequeno almoço, que ela aguarda com impaciência, e sempre feliz por me ver, me dá um bom dia canino gostoso cheio de mimo.

Ela faz parte de mim e ai daquele que ouse magoá-la ou insultá-la! Atiro-me às grades e viro fera. Porque a triste realidade é que não falta quem se sinta espécie superior ao ponto de agredi-la pelo gradeamemto do muro, que ela protege por ser propriedade dela. Porque é ali que vive a família que ela ama e da qual faz parte. E por isso, mesmo com focinho desfeito, não desiste de afastar os agressores. Agressores que agridem só porque sim. Só porque acham que ela não tem direito a ladrar, como se ladrar fosse um insulto.

Ela tem tudo de um humano menos a fala. E tudo o que falta na humanidade, também. É um ser maior mais completo do que todos os seres existentes. Só ele nos ensina o verdadeiro sentido do amor e da amizade. O amor incondicional sem esperar nada em troca senão a nossa presença na sua vida. Com ela choro, com ela falo, com ela partilho como se fosse uma extensão de mim. Somos amigas, somos companheiras cúmplices nos segredos jamais denunciados.

A minha Lady é o meu amor canino. Um filho de quatro patas de quem me orgulho ser dono.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

COISAS DE GAJO E COISAS DE GAJAS






Há quem diga que não há coisas de gajos. Mas na verdade não só há coisas de gajos, como coisas de gajas. E por acharem que não as há é que confundem os sinais de quem se comporta segundo sua natureza. É erradissmo pensar que homem só porque se esquece do que lhe dissemos há cinco minutos atrás ou parece distante enquanto falamos com ele, que não nos ama. É tão comum ouvirem-se lamentações porque compramos vestido novo e ele nem notou, ou porque estamos tristes e ele nos puxa para a cama em vez de conversar... 

Mas a verdade é que gajo que é gajo é assim, mesmo amando muito. São milhões de anos de evolução biológica distinta das mulheres. Uma natureza criada para a caça, para proteger a família, perseguir e afastar os perigos. E nesse sentido, cerebralmente desenvolveu mais certas zonas dos hemisférios em detrimento de outras. Por isso, um homem é imbatível na hora de encontrar o regresso a casa, mesmo perdido e sem mapa. Detecta perigos e ameaças melhor que ninguém, dando o corpo às balas se necessário para defender sua família. Tem nele a responsabilidade familiar de trazer alimentos, proteger e dar bem estar aos seus. E procriar... Por isso é que respondem com sexo sempre que pressentem que algo não vai bem com sua amada. Porque assim como eles sentem o amor a partir daí, imaginam que nós, as gajas, também curamos nossas tristezas assim.

Mas gaja que é gaja, funciona precisamente no oposto! E quando estamos deprimidas queremos colo, queremos beijinhos, queremos abraços e muita conversa, do tipo "deixa-me falar e ouve-me, preciso só de desabafar". Sexo, virá pela manhã seguinte com ela a saltar-lhe para o pescoço devagarinho, inundando-o de beijinhos como quem agradece baixinho por a ter ouvido. Porque mulher desenvolveu outras partes do cérebro que a tornam mais emotiva, mais faladora, mais atenta às pessoas que a rodeiam, mais chorosa, mais doce, e multifacetada! Mulher evoluiu para tomar conta do lar enquanto homem procura comida. E na hora de avaliar pessoas, é arrebatadora! Nasceu com um sexto sentido muito apurado que as elevam ao nível dos CSI, e nada lhes escapa. Não são mais inteligentes mas são sem dúvida mais perspicazes pela natureza ultra sensível que possuem. 

E depois vem as variantes. De gajos muito gajas e de gajas muito gajos. E tudo por causa das doses que cada um recebe de testosterona ou estrogênio da mãe na fase embrionaria. Por isso encontramos gajos que falam sem parar e conversam que nem gajas, e gajas que não têm paciência para mulheres lamechas. Gajos que têm um ataque de nervos pela manhã porque não sabem o que vestir, e gajas agarradas a PlayStation em vez de novelas... 

Eu sou gaja muito gaja e se as mulheres tendem a rotular o homem de desinteressado por se esquecer de telefonar, vivi o mesmo por não estar sempre disponível para maratonas de sexo. E nesta confusão de interpretações acabamos por confundir amor com desinteresse quando na verdade estamos apenas a respeitar a nossa natureza que, quer queiramos quer não, é distinta entre homens e mulheres. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

O SEGREDO É OUVIR A SI MESMO




As pessoas têm por hábito pedir conselhos aos outros sempre que balançam em dúvidas sobre que caminhos seguir, que decisões tomar. Esquecem-se ou não sabem que os que nos rodeiam estão mais preocupados com eles. E quando lhes pedimos uma orientação, o mais certo é indicarem-nos o caminho oposto só para terem a certeza de que não os vamos ultrapassar nos nossos objetivos.

Enquanto escrevo isto muitos irão pensar que estou a ser demasiado dura, colocando todas as pessoas no mesmo saco, como se não houvesse pessoas sinceras e honestas em quem possamos confiar.  Têm razão. Estou a ser dura sim, porque na verdade, a vida ensinou-me que em 99% de pessoas que nos rodeiam, apenas 1% é fiável. E mais vale levar com esta dureza toda de uma verdade, do que viver numa eterna mentira e sofrer depois com as consequências.

E a verdade é que a pessoas lidam muito mal com o sucesso dos outros, com a beleza dos outros, com a energia e força dos outros, com a felicidade dos outros e... quando pedimos um simples parecer, eis que somos bombardeados com todo o tipo de argumentos que pensamos serem sinceros, mas que na realidade estão a dizer secretamente " a tua ideia é fantástica mas não vás por aí senão podes vir a ter muito sucesso com isso". E claro, que fazemos nós a seguir? Desistimos porque o nosso melhor amigo disse que " era muito arriscado" que " o mais provável era não conseguir" blá, blá,blá... Para não falar daqueles que veem depois a sua ideia a ser "roubada" por um dos seus conselheiros!

Quando nos sentimos perdidos sem saber o rumo a tomar, o melhor conselheiro somos nós e nosso travesseiro. Devemo-nos escutar. Ouvir o nosso interior. Perguntar a NÓS o que queremos e estudar o meio para lá chegar. Fecharmos os olhos e sobre uma boa noite de sono, sonhar com o que queremos alcançar. Porque é o sonho que comanda a vida. E é sonhando muito que o concretizamos. Nós somos quem melhor nos conhecemos. Quem melhor sabe sobre as nossas capacidades de alcançar seja o que for. Nós somos a força que nasce para a concretização e mais ninguém tem o poder de saber até onde somos capazes de ir. 

Porque se assim não o fizermos, o mais certo é deixarmos de ser o que poderíamos ter sido para ser o que os outros queriam que fôssemos. 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

PERDÃO SÓ SE DÁ A QUEM MERECE







Ensinam-nos que e preciso perdoar. Que perdoar faz bem e nos liberta de sentimentos nefastos. Dizem até que quem perdoa é mais feliz e tem o céu à sua espera. Parece-me no entanto que esta teoria é muito interessante para quem quer ser Deus. Quem a criou muito provavelmente experimentou uma vida "soft" e passou ao lado de todos os seres maquiavélicos por aí espalhados. Porque para quem foi cilindrado na vida por estes pequenos demónios, o perdão é a última coisa que queremos oferecer a quem nos arruinou.

Eu não sou Deus e por isso não acho nem um pouco libertador perdoar quem merece ser esmagado pela sua própria malvadez! Pelo contrário, o que me liberta é saber que dou a provar ao meu inimigo o mesmo veneno que me ofereceu. Isso sim, é libertador! Vê-lo "apodrecer" aos bocadinhos... Colocá-lo de novo no lugar onde estava, antes de nos estragar a vida, mas com um bónus: uma lição para nunca esquecer.

Perdoar é um acto que devemos exercer só com quem o merece. Com aqueles que, muito humildemente nos procuram, reconhecem seus erros e pedem o nosso perdão. Aqueles que se arrependem e fazem de tudo para nos compensar. E fazem-no de forma sentida e profunda. Porque aqueles que  arrogantemente seguem seu percurso como se nada tivesse acontecido, zombando da nossa cara por termos sido tão crédulos, e ainda nos tentam intimidar, para que tenhamos medo de retaliar, a esses, amigos, dou-lhes o pagamento na mesma moeda mas  inflacionada... E só paro quando recupero a minha dignidade e bom nome. 

Até lá, só não vale arrancar olhos. E faço-o por respeito a mim! Porque eu mereço que a experiência sirva de exemplo para que outros jamais ousem se aproximar com as mesmas intenções.

Porque perdão só se dá a quem merece...